Com 32 votos a favor, três contra e duas faltas, o projeto de lei que proíbe o Uber em Curitiba acaba de ser aprovado na Câmara de Vereadores. A sessão foi acompanhada por cerca de 200 pessoas, a maioria taxistas (veja as fotos), categoria que se vê ameaçada pela concorrência de serviços como o do aplicativo. O texto aprovado em primeiro turno é um substitutivo geral, criado a partir da iniciativa dos vereadores Jairo Marcelino (PSD) e Chico do Uberaba (PMN). A segunda votação deve ocorrer nesta terça-feira (12). O Uber estreou em Curitiba no dia 18 de março.
O texto prevê multa de R$ 1,7 mil ao motorista flagrado em discordância com as regras da lei municipal 13.957/2012, que regulamenta o serviço de táxi em Curitiba. Na prática, é o mesmo que proibir o Uber, pois a norma diz que para prestar “o serviço de transporte individual de passageiros em veículo automotor leve, de categoria particular” é preciso habilitação B ou superior com EAR (Exerce Atividade Remunerada), licença da Urbs, certidão criminal negativa, automóvel padronizado e vistoriado pela Urbs, por exemplo.
De acordo com os autores, a mudança na legislação visa a garantir maior segurança aos usuários do sistema de transporte de passageiros, com a certeza de que a atividade será fiscalizada pelo poder público. “A lei federal proíbe qualquer serviço irregular de passageiros. Os taxistas recolhem 6 mi por ano pra fiscalização. Se eles regulamentarem, ninguém pode ser contra. A regulamentação é pelo município. Mas tenho certeza que Curitiba já é muito bem servida”, disse Jairo Marcelino (PSD) no plenário.
Apenas três vereadores foram contrários à proposta: Bruno Pessuti (PSD), Jonny Stica (PDT) e Pier Petruzziello (PTB). O vereador Mestre Pop (PSC) não compareceu e o presidente da Câmara, vereador Ailton Araújo (PSC), não votou conforme prerrogativa regimental da casa. “Não temos que ter medo do Uber, temos que regulamentar. O Uber é uma tendência sem volta. Em Nova Iorque, as pessoas usam o táxi e outros sistemas, deixando o carro em casa. E vale ressaltar que essa lei não muda nada, só reforça os instrumentos de fiscalização já existentes. O que precisamos é regulamentar o Uber”, disse Jonny Stica no plenário. Após a fala, o vereador foi vaiado. Alguns taxistas gritaram que, então, o parlamentar fosse morar em Nova Iorque.
Inconsistências
Consultada pela comissão, a Urbs alertou para problemas no projeto de lei que poderiam impedir a sua aplicação. Em parecer, o órgão que gerencia o transporte em Curitiba, alertou que o texto em votação “não é objetivo no sentido de qual será o órgão responsável pela emissão do registro administrativo (supõe-se, por se tratar da Lei 13957/2012, que seja a URBS) e nem como será efetivamente cobrada à multa em caso de notificação, pois em se tratando de multa administrativa o órgão responsável só tem poderes de ultimar a multa para àqueles que têm a devida autorização para exploração do serviço”. O órgão pediu que a Procuradoria-Geral do Município fosse consultada para definir quem fará a fiscalização da nova lei.
A Urbs também alertou que seria necessário detalhar o direito do contraditório para a aplicação das sanções e mais: “estipular valor de multa sem a devida forma de cobrança torna a ação ineficiente, pois a simples autuação não inibirá a prestação do serviço e a ação da fiscalização é essencial para que o serviço prestado de forma clandestina não supere o transporte regulamentado”. A Urbs recomendou que um pedido de esclarecimentos fosse enviado à Secretaria Municipal de Finanças para verificar se seria possível incluir o infrator na dívida ativa do município em casos de definitivamente imposta à multa.
Essas ponderações foram registradas pelo relator da matéria na comissão, vereador Serginho do Posto, do PSDB. O que ficou acordado é que as falhas do texto deveriam ser corrigidas via emendas, apresentadas até a votação em plenário. Na prática, acabará ficando para a própria prefeitura o esclarecimento dessas inconsistências na regulamentação da lei.
Braga Netto repassou dinheiro em sacola de vinho para operação que mataria Moraes, diz PF
Defesa de Braga Netto diz que provará que não houve obstrução das investigações
Parlamentares de direita e integrantes do governo repercutem prisão de Braga Netto
Da revolução à ruína: a fraqueza original que selou o destino do comunismo soviético