Desviar um pequeno número de motoristas para rotas alternativas reduziria em até 30%, o tempo perdido em engarrafamentos nas áreas urbanas. É o que mostra um estudo publicado nesta terça-feira (15) na revista Nature Communications, com base na utilização do big data – que nada mais é do que o acesso infindável a uma quantidade enorme da dados e informações sobre todo o tipo de coisa e que podem ser combinados entre si para diferentes propósitos.
Entender a complexa relação entre infraestrutura e padrões de locomoção em cinco cidades (Boston e a área da Baía de São Francisco, nos Estados Unidos, Rio de Janeiro, no Brasil, e Lisboa e Porto, em Portugal), e a influência de rotas orientadas ou escolhidas aleatoriamente por cada condutor, foi o objetivo dos três pesquisadores para este levantamento: Marta Gonzáles e Serdar Çolak, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, e Antonio Lima, da Escola de Ciência da Computação da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, e que também foi bolsista do MIT.
“A urbanização levou a maioria da população mundial a viver em cidades, fazendo com que o congestionamento do tráfego fosse um problema crescente”, disse à AFP Marta. O chamado big data pode ajudar a resolver essa questão das grandes cidades ao apontar, por exemplo, onde esses centros urbanos precisam de mais infraestrutura viária, como também pode servir de base para a criação de um sistema que ajude os motoristas desses centros urbanos a se distribuírem melhor na malha já existente, evitando a formação de congestionamentos.
O padrão de locomoção desse estudo, por exemplo, foi conseguido pelos pesquisadores do MIT por meio dos dados de localização e deslocamento dos celulares presentes nas áreas estudadas em cada uma das cidades e também por meio de simulações e modelos criados pelos próprios pesquisadores a partir da observação da estrutura viária existente e dos pontos de congestionamento. “Nós combinamos estes dados com informações sobre a infraestrutura rodoviária”, explica Marta. O resultado? Modelos matemáticos capazes de não só orientar o trânsito de qualquer cidade no dia a dia como também direcionar investimentos e políticas públicas de mobilidade e infraestrutura viária.
De acordo com o estudo, a otimização de rotas individuais, isto é, a orientação de alguns condutores para outras vias diferentes daquelas que teriam escolhido, reduziria em de 15% a 30% o tempo perdido por todos os motoristas. Para tanto, uma pequena parte dos condutores teria de perder de 5 a 15 minutos para servir de cobaia e indicar as melhores rotas no momento. “Mas o número de motoristas ‘sacrificados’ é muito menor do que o número de motoristas beneficiados”, ressalta Marta. A íntegra do estudo está no site da Nature Communications .