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Projeto que alega estar transformando lama da Samarco em Mariana (MG) em tijolos artesanais para a reconstrução do distrito de Bento Rodrigues é colocado em dúvida. | /Reprodução
Projeto que alega estar transformando lama da Samarco em Mariana (MG) em tijolos artesanais para a reconstrução do distrito de Bento Rodrigues é colocado em dúvida.| Foto: /Reprodução

Em comunicado publicado nesta quarta-feira (27), o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), que representa vítimas de Mariana, em Minas Gerais, cidade arrasada pela lama de rejeitos da Samarco em novembro de 2015, após o rompimento da barragem de Fundão da empresa, alegou que a parceria propagada pelo projeto “Tijolos de Mariana” é falsa. Conforme a Gazeta do Povo mostrou no último dia 20, a agência de comunicação Grey Brasil encabeçou a divulgação de um projeto que supostamente era desenvolvimento por meio de uma parceria entre o MAB e o Laboratório de Geomateriais e Geotecnologia (LGG) da Escola de Engenharia da UFMG para transformar a lama da Samarco em Mariana em tijolos para a reconstrução da cidade.

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Leia o comunicado do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) na íntegra aqui.

Um documento postado pela Grey Brasil na página também mostra que Evandro da Gama, professor do LGG, só teria aceitado dar uma consultoria ao projeto a partir da última quarta-feira (27).

Para o projeto, a Grey Brasil criou uma página no Kickante, um dos maiores sites de financiamento coletivo do país, para arrecadar R$ 400 mil, dinheiro que seria suficiente para construir uma fábrica que daria escala industrial à ideia. Com previsão para terminar em três dias, a campanha de doações já alcançou mais de R$ 66 mil.Com tudo o que vem sendo postado nas redes sociais, porém, a veracidade do projeto foi colocada em dúvida.

Na versão anterior da página oficial do projeto, à qual a reportagem teve acesso no dia 20 de abril, o que estava escrito é que, desde janeiro, o “Tijolos de Mariana” já teriam fabricado cerca de 1,2 mil ao mês com a tecnologia do LGG da UFMG. Tanto o LGG quanto o MAB apareciam como apoiadores do projeto no pé da página.

Agora tanto as informações da página oficial quanto as da página no Facebook e no Kickante foram atualizadas. No Facebook, a Grey Brasil explicou que realmente se precipitou ao colocar todos esses atores como parceiros do projeto. “A Grey Brasil é a única idealizadora deste projeto e tem como objetivo ajudar os moradores de Mariana sem usar a imagem do MAB ou de qualquer outra instituição de maneira equivocada”, disse a agência de comunicação.

Já na atualização feita na parte de informações sobre o projeto no portal Kickante, a agência de comunicação esclarece que “até agora, os tijolos artesanais simbólicos produzidos foram desenvolvidos pela Ecobriks, em Campinas, que recebe rejeito de barragem, e está realizando os testes para que o produto tenha a mesma qualidade dos tijolos ecológicos já produzidos por eles”. Em um vídeo postado pela iniciativa no Facebook, porém, o representante da Ecobricks parece estar falando apenas da possibilidade de se fazer o mesmo que a empresas está acostumada a fazer com a lama de Mariana.

Também no Kickante, a Grey Brasil ainda alega que a “fábrica em Mariana será construída após a captação do valor de forma colaborativa e por meio de apoiadores. A partir deste momento, ela terá endereço na região (definido com a ajuda da comunidade) e será devidamente instalada com contratação de profissionais da área que serão devidamente capacitados.”

A Gazeta do Povo procurou todos os envolvidos para confirmar a veracidade das informações presentes na página oficial do projeto. A Grey Brasil informou que entraria em contato, mas não o fez. O MAB também foi convidado a indicar um porta-voz, mas não retornou.

O Ministério Público de Minas Gerais foi procurado e informou que ainda não recebeu qualquer denúncia sobre o caso.

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