A Noruega acaba de anunciar que fará dez vias cicláveis de alta qualidade, verdadeiras estradas, para bicicletas, ligando nove das maiores cidades do país. O investimento é de 8 bilhões de coroas norueguesas (cerca de R$ 3,4 bilhões) e pretende fazer com que o país nórdico reduza pela metade as emissões de gases de efeito estufa oriundas do trânsito até 2030. As informações são de jornais europeus e do site CityLab.
Algo parecido já existe na Holanda – país europeu de terrenos planos e onde as maiores cidades ficam a no máximo duas horas de bicicleta entre si – e também foi anunciado pela Alemanha em janeiro deste ano – por lá a “bike autobahn” deve cobrir 100 quilômetros entre as cidades de Duisburg e Hamm. A região noroeste, onde estão as duas cidades, é a mais densa em termos de população na Alemanha, com cerca de 2 milhões de habitantes. Por esse motivo, as vias seriam importantes ligações também entre os centros dessas cidades e os locais mais periféricos. Na Alemanha, o custo será de 180 milhões de euros (ou cerca de R$ 733,5 milhões).
O curioso é que a Noruega, porém, é um país de topografia mais acidentada e com dias mais curtos durante vários meses. Ainda assim, nada é impossível. Na prática, a ideia não é exatamente igual a de uma autoestrada, já que não será uma via distante, mas sim um grande conjunto de grandes ciclovias ligando os centros das cidades aos seus subúrbios.
Outro desafio do governo do país escandinavo é aumentar o hábito do uso da bicicleta. Uma pesquisa feita em 2010 mostrou que apenas 4% das viagens eram feitas por bike; a meta é atingir entre 10% e 20% até 2030.
No Brasil, a ideia de se ter longas rotas urbanas para bicicletas é um tanto nova. A maioria dos urbanistas e ativistas – e o território de dimensões continentais colabora para isso – ainda estão tentando bater na tecla do modal como solução para curtas e médias distâncias nos espaços urbanos.
Mais ideias
Outro caminho para incentivar o uso da bicicleta na Europa está no trabalho da Federação Europeia de Ciclistas (ECF, na sigla em inglês), em parcerias com governos nacionais e regionais e ONGs e co-financiamento da União Europeia. Aqui, o objetivo é ampliar o cicloturismo e não exatamente o uso da bike como modal urbano ou interurbano. Ainda assim, vale ficar por dentro da iniciativa.
O projeto já reuniu mais de 45 mil quilômetros de vias cicláveis, em mais de 40 países, consideradas seguras para turistas e ciclistas em geral acostumados a longas distâncias. A ideia é que, até 2020, essas rotas formem uma grande”ciclovia” de 70 mil quilômetros de extensão, a EuroVelo. Serão nove rotas de norte a sul, quatro de leste a oeste e outros dois circuitos específicos.
O trabalho todo tem um histórico e tanto e começou em 1993, com a abertura de uma rota nacional na Dinamarca.
Um estudo do Parlamento Europeu mostra que o trabalho é importante também para a economia dos países da região. O turismo sobre pedais movimenta 43 bilhões de euros todos anos e emprega 400 mil pessoas. Somente na Itália, segundo informação da Agência Italiana de Notícias (Ansa), o cicloturismo foi a opção de 23% das pessoas que visitaram o país em 2012 e 33% em 2013.
No Brasil, conjuntos de municípios e também de ciclistas e apaixonados pela temática têm levado adiante uma série de iniciativas para a formação de rotas de cicloturismo – Circuito Vale Europeu Catarinense e o Circuito das Araucárias são alguns desses exemplos. Mas ainda não há um grande projeto oficial que busque unir todos esses caminhos em uma só iniciativa, mesmo se sabendo de todo o potencial econômico da atividade. Entre
Quase sempre, os circuitos são formados por estradas vicinais, rurais e semelhantes e não acompanham as grandes BRs pois não há estrutura apropriada construída para atender aos ciclistas. Nos últimos anos, algumas duplicações e construções de rodovias englobaram previsões para a construção de ciclovias, mas nem todas as obras foram para frente.
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