Uma reportagem do jornal The New York Times do último domingo (15) trouxe números impressionantes sobre como os nova-iorquinos mudaram seus hábitos de locomoção nos últimos anos, especialmente em relação a um ícone da cidade. Segundo a publicação, houve uma queda de mais de 25% no número de viagens diárias feitas pelos famosos táxis amarelos de Nova York: de 463 mil viagens diárias em novembro de 2010 para 336 mil em novembro de 2016. Ao mesmo tempo, segundo o jornal, o Uber foi responsável por 226 mil deslocamentos no mesmo mês. Se somados os números do Uber com os dos outros aplicativos de mobilidade concorrentes (Lyft, Cabify e outros), o número de viagens diárias com os serviços de carona compartilhada chega a 309 mil, quase um empate com a opção de deslocamento por demanda mais tradicional de Nova York há décadas.
Os dados seriam só mais uma prova de como os aplicativos de mobilidade chegaram para mudar a forma como as pessoas se movem numa cidade. Mas também são um alerta para governos municipais e federais, que ainda não descobriram a fórmula ideal para regulamentar esse tipo de serviço e correm o risco de ver um novo salto tecnológico de mobilidade antes que consigam fazer isso.
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Ainda na semana passada, a Gazeta do Povo divulgou uma nova pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) que indica que três mil carros de aplicativos de mobilidade como Uber e Lyft na modalidade carpooling, ou seja, transportando quatro passageiros, seriam suficientes para atender 98% da demanda por táxis na cidade de Nova York, que hoje tem uma frota de 14 mil amarelinhos. E isso com um tempo de espera de apenas 2,7 minutos. Também daria para fazer algo semelhante usando duas mil vans.
Segundo o estudo conduzido pelo Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial da instituição (CSAIL, na sigla em inglês), se mais pessoas usassem essa opção de transporte o número de carros nas ruas poderia cair em até 75%. Esses dados são resultado de um algoritmo desenvolvido pela equipe da professora Daniela Rus e que, na prática, poderia ser a base de um sistema de carpooling abrangente e eficiente para várias cidades.
Por ora, a ideia é apenas resultado de uma pesquisa do MIT, mas ela indica o quanto o poder público ainda precisa se envolver com as novas tecnologias de mobilidade.
Em Curitiba
A Urbs disse ao jornal Tribuna do Paraná que está formando uma comissão para discutir a regulamentação do Uber ainda neste ano em Curitiba.
Assinado por 17 vereadores e apresentado em maio de 2016, o projeto de lei 563/2016 foi o mais perto que a cidade chegou de uma regulação do “transporte privado individual a partir de compartilhamento de veículos”. Mas o texto empacou um mês depois na Comissão de Serviço Público, que solicitou um parecer sobre a demanda do serviço à Urbs, que administra o transporte na cidade.
Encalhada na gestão de Gustavo Fruet, a regulamentação do Uber e outros apps teria mais chances de sair neste ano, com os novos vereadores, que são mais “pró-Uber” que os anteriores. Mas o novo prefeito Rafael Greca (PMN) já deixou escapar mais de uma vez que gosta da ideia de esperar uma lei federal para a questão, discussão que também ficou para este ano em Brasília.
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