Antes apenas experimentos, combustíveis alternativos aos fósseis agora são realidade no transporte coletivo brasileiro. Ônibus movidos a eletricidade, a biogás e, mais recentemente, a hidrogênio já operam nas ruas do país, mesmo que em fase de testes. O modelo a hidrogênio – o último a entrar em operação – está circulando desde a semana passada na Grande São Paulo.
Diferentemente do imaginado por Dr. Brown no filme De Volta para o Futuro, os veículos em testes em São Paulo não transformam lixo diretamente em hidrogênio. Mas o combustível bem que poderia ser obtido dessa forma em uma central de abastecimento.
Com recursos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e do Ministério de Minas e Energias, o projeto de ônibus brasileiro com célula a combustível hidrogênio conta com uma central de produção e abastecimento de hidrogênio construída em uma sede da EMTU, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo. Lá é possível obter o hidrogênio a partir de eletrólise da água. Mas o combustível também pode ser obtido por energia solar, eólica, hidroelétrica e biomassa – etanol.
O convênio para implantação desse projeto foi assinado em 1993. O primeiro protótipo, fabricado em Caxias do Sul, é de 2007. Três anos atrás, um desses veículos chegou a transportar passageiros no corredor São Mateus-Jabaquara (ABD) em caráter de testes. Mas agora houve aperfeiçoamento da tecnologia e todo o sistema de tração foi nacionalizado – permitindo a produção comercial dos veículos.
Curitiba está à espera do ônibus hi-tech
Os dois veículos colocados em operação farão a linha 287-P, que liga o Terminal Santo André ao Terminal Piraporinha, em Diadema. Segundo a EMTU, somente vapor d’água é liberado no escapamento dos veículos. Por isso, os ônibus são totalmente livres de poluentes.
A EMTU informou, por meio de nota, que os ônibus movidos a célula a combustível hidrogênio custaram US$ 1 milhão (cotação do dólar na época) e que os recursos vieram de duas fontes. Uma delas é o Global Environment Facility, que investiu US$ 12,27 milhões. O valor foi aplicado diretamente no Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD). A segunda é a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), com US$ 2,23 milhões, por meio do Ministério de Minas e Energia.
Custos
Do ponto de vista ambiental, esses ônibus podem ser considerados um avanço em relação aos modelos com tecnologia híbrida. Entre especialistas do setor, porém, ainda não está claro se este é o momento de investir em combustíveis mais limpos em vez de primeiramente pensar em atrair mais passageiros. Essas duas frentes não deveriam ser excludentes, mas Curitiba está no centro deste debate.
Apresentado em 2012 como o “ônibus do futuro”, o Hibribus teve seu custo questionado pelo relatório do Tribunal de Contas do Estado. A compra dos modelos exigiu um investimento de R$ 13 milhões do sistema de transporte da capital. Essa conta foi incluída como uma taxa de risco na tarifa, cujo peso é de 2,07% segundo um estudo do TC. Na tarifa atual, seriam R$ 0,076. Quanto mais caro o transporte coletivo, menor a sua atratividade em relação ao transporte individual.
O híbrido movido a eletricidade e biodiesel utilizado em Curitiba tem redução de 89% na emissão de material particulado; 80% menos óxido de nitrogênio (NOX), e 35% menos CO2. O consumo de combustível é 35% menor.
Os veículos 100% elétricos também já começam a operar em caráter de testes em diversas cidades brasileiras. Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Campinas são apenas algumas das cidades que já foram palco desses experimentos. A capital fluminense também recebeu recentemente um modelo 100% a biogás que já havia operado em testes dentro do Parque Tecnológico de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Além da questão técnica, os testes com passageiros também ajudarão a dimensionar o real custo desses veículos.
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