No último dia 26 de setembro, o Conselho de Paris aprovou a “pedestrianização” de um trecho de 3,3 quilômetros na margem direita do Rio Sena – vias por onde passavam, em média, 43 mil veículos por dia serão transformadas“calçadão”. A ideia foi anunciada pela primeira vez em 2015, pela prefeita Anne Hidalgo, sob influência da 21.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP 21 e como uma das medidas antipoluição da capital francesa para os próximos anos. O trecho escolhido engloba pontos turísticos importantes da cidade: compreende o Túnel das Tulherias e a via Georges Pompidou, passando pelo Museu do Louvre, até a saída do túnel Enrique 4.º, perto da Praça da Bastilha.
A Georges Pompidou é a mesma que recebeu as praias artificiais do verão parisiense. Da metade de setembro para cá, período em que a programação de verão acabou mas a via não reabriu para os carros, foi possível estudar os possíveis impactos do projeto. Ainda assim, o plano é observar ainda por seis meses os efeitos da ideia em termos de trânsito e segurança, avisou o chefe de Polícia da cidade, Michel Cadot. Ao Le Monde, ele disse que o período de avaliação é essencial para verificar o impacto do projeto. As medições feitas até agora indicam que algumas rotas nas proximidades do trecho que será fechado poderão ter o tempo de travessia aumentado em até 7 minutos. O comitê técnico que vai acompanhar o período de teste de seis meses do projeto foi instalado na última segunda-feira (3).
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Uma pesquisa realizada ainda no mês de setembro pelo Instituto Francês de Opinião Pública (IFOP) e divulgada pelo Le Monde mostrou que 55% dos parisienses simpatizam com o projeto. Ainda em abril, outro levantamento tinha apontado um número maior, 60%. A aprovação parece ter sido afetada por um teste, feito em julho, com o fechamento parcial da Georges Pompidou. Entre os entrevistados que moram na região, porém, o projeto ainda conta com o apoio de 62%.
Além de proibir a circulação de veículos automotores nesse trecho das margens do Rio Sena, o projeto prevê a construção de um verdadeiro parque num espaço de mais de 8 mil metros quadrados que será deixado pelos carros, com passarelas e vegetação, tudo estimado em cerca de 8 milhões euros.
Justificativas
Segundo dados da prefeitura de Paris, a poluição atmosférica é responsável por 2,5 mil mortes ao ano na cidade, sem contar a região metropolitana da capital francesa, que é grande. A maior parte dessa poluição é causada pelas emissões de veículos automotores. Carros, ônibus, vans e outros tipos de transporte terrestre enchem o ar da capital francesa com 65% do total de dióxido de nitrogênio e 51% do total de partículas poluidoras (as chamadas PM10) hoje presentes na atmosfera da cidade. Na Champs-Elysees, e no restante da capital francesa, esses dois elementos poluidores superaram os limites definidos pela União Europeia de 40 microgramas por metro cúbico em 2015. Na maioria das áreas, a quantidade diária de PM10 tem excedido 50 microgramas por metro cúbico por 10 a 20 dias ao ano, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera esse nível de partículas tolerável por apenas três dias ao ano.
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As medidas antipoluição da cidade começaram, ainda no ano passado, com foco nos fins de semana e já começaram a dar resultado. Aos domingos, quando várias ruas ficam fechadas para os carros na cidade, as emissões caem até 40%.
Também nos fins de semana, desde julho deste ano, carros registrados antes de outubro de 1997 e motos cadastradas antes de junho de 1999 estão proibidos de circular em Paris. Em 2020, a cidade espera que apenas os carros de zero-emissão ou aqueles movidos a derivados do petróleo fabricados a partir de janeiro de 2011 estejam circulando nas ruas da cidades nos fins de semana.
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