Plataforma quer a sua colaboração para mapear a acessibilidade nas cidades

Foi durante um evento de empreendedorismo de caráter social, promovido pelo Sebrae, em julho do ano passado, em Cabo Frio (RJ), que a primeira ideia do Livrit nasceu. Na ocasião, sob orientação do arquiteto e urbanista Francisco Viniegra, a intenção de um dos grupos da competição era criar o “Waze das calçadas”. Logo depois do evento, a ideia foi selecionada para o Espaço Nave, laboratório de inovação e pré-aceleração de empresas com base tecnológica da Estácio, e foi se desenvolvendo. “Ao invés de somente informar que caminho tomar, a proposta do Livrit é informar o nível de acessibilidade deste caminho. O aplicativo apresenta as rotas mais acessíveis e os problemas encontrados em determinados trajetos, além de possuir dados de acessibilidade de estabelecimentos”, explica Viniegra, que usou sua experiência profissional, em projetos como o programa Favela Bairro, a implantação do teleférico no Complexo do Alemão e da Linha 4 do Metro no Rio de Janeiro, na criação da plataforma. Além de Viniegra, o Livrit é formado por Leandro Afonso, na área de tecnologia, Marcos Sampaio (operacional), Marcelo Ambrosio (financeiro), Filipe Nogueira (jurídico), Ruan Teles (designer) e Marcelo Cardoso (mapeamento). Cardoso, inclusive, é cadeirante e foi fundamental para o desenvolvimento do Livrit.

O aplicativo sinaliza a qualidade das rotas em termos de acessibilidade, marca os obstáculos existentes e também permite a montagem de roteiros acessíveis inteiros dentro de uma cidade. Os estabelecimentos também podem ser mapeados, com informações como por exemplo o tipo de acesso (se tem rampa ou elevador).

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Da criação ao momento atual, em que o grupo negocia um convênio com a Secretaria de Conservação da cidade do Rio e também divulga a plataforma para colaborações externas, o Livrit conquistou o desafio Cisco de inovação urbana, sendo uma das cinco ideias premiadas, e também foi campeão do Olympic City Transport Challenge (OCTC), concurso do Instituto Viktoria Swedish ICT, grupo sueco especializado em soluções tecnológicas de comunicação e informação, na categoria acessibilidade. Ainda durante os jogos Olímpicos e, agora, Paralímpicos, o Livrit foi considerado o app oficial da Cidade Olímpica.

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Metas ambiciosas

O lançamento oficial do Livrit será no próximo dia 12, no Rio de Janeiro, mas a plataforma já está aberta para colaborações e com metas bastante ambiciosas. Como a base do Livrit é o Google Maps, isso quer dizer que o objetivo final da plataforma é mundial. E não é só com colaboração que a equipe pretende chegar lá. No material de apresentação que a equipe tem levado aos eventos que participa e que dividiu com a reportagem de Futuro das Cidades, fala-se em consultoria especializada em acessibilidade para eventos e empresas; em “rotas patrocinadas”, com conteúdo vinculado a alguma incorporação, evento ou centro de eventos; e outras alternativas de participação e renda para a ampliação dessa plataforma.

Talvez a ideia mais ambiciosa nesse sentido seja a conexão com os municípios. A equipe da Livrit sugere que as informações do app também sejam consideradas para a tomada de decisões do poder público sobre obras e políticas públicas de acessibilidade. “Muitas prefeituras possuem dificuldade em priorizar áreas de intervenção e o processo interno de licitação para contratação de projetos retarda a velocidade de resposta. Foi com essa premissa que o Livrit trabalha realizando o link entre os problemas mapeados com soluções de engenharia e arquitetura típicas. Ou seja, nosso foco é diagnosticar e encaminhar projetos básicos para solucionar questões relacionadas à acessibilidade”. Pelo convênio que está sendo negociado com a Secretaria de Conservação da cidade do Rio a ideia é que a equipe do Livrit forneça uma tecnologia que acelere o tempo de resposta dos órgão públicos às demandas urgentes da população, “sendo nosso foco as pessoas com mobilidade reduzida e com dificuldade de locomoção”, frisa Viniegra. Os dados coletados pelo Livrit estão sendo disponibilizados para outras plataformas sobre mobilidade e para o portal de dados abertos do IPLAN-Rio, o instituto de planejamento do Rio de Janeiro.

Para o próximo mês de outubro está planejada a instalação dos MUPIs (Mobiliário Urbano Público Interativo em parceria com a Cisco) na região do Porto Maravilha, e as informações sobre acessibilidade desse serviço deverão ser fornecidas pelo Livrit.