Próximo a Curitiba, cidades como São José dos Pinhais, Pinhais, Araucária e Ponta Grossa têm sido reconhecidas por quem entende do assunto como aquelas que mais avançaram na questão da proteção animal nos últimos anos.
A reportagem conversou com o diretor de vigilância em saúde de Ponta Grossa, o médico veterinário Carlos Eduardo Coradassi, que trabalha há mais de 20 anos com a chamada saúde única (humana, ambiental e animal) no município.
Ele conta que a cidade dos Campos Gerais – muito maior em território do que Curitiba (2 mil km² ante 435 km²), mas com menos habitantes (311 mil ante 1,8 milhão) –, passou por fases de avanço na área principalmente entre 2001 e 2004 e a partir de 2011. Um termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado em 2013 com o Ministério Público para que o município realizasse mutirões de castração e tomasse outras providências também impôs um ritmo maior às políticas ligadas à área na cidade.
Leia também: Curitiba precisa de “SUS animal” e educação, não de hospital veterinário
“Ainda em 1999, por meio da lei 6179, fomos um dos primeiros municípios [do país] a proibir a eutanásia de animais para efeitos de controle populacional. Pouco depois, em 2003, conseguimos ter o primeiro programa de castração do município”, conta Coradassi. Naquele ano foram feitos cerca de 300 atendimentos.
Mais tarde, em 2011, houve pressão das entidades para que o município retomasse a iniciativa; mais 400 animais foram castrados. “Em 2013, com o TAC, fizemos um credenciamento de clínicas [para convênio] e planejamos a aquisição de um castramóvel, que começou a operar em 2015. Contudo, acredito que a meta assinada com o MP, de 3,5 mil castrações até o fim deste ano, será superada. Vamos operar 4,8 mil animais”. Também no período pós-TAC, o diretor conta que os guardas municipais de Ponta Grossa foram capacitados para atender denúncias de maus-tratos e se tornaram, pelo telefone 153, referência para esse tipo de atendimento. “A partir da avaliação deles é que outros profissionais são chamados.”
Junto com a política de castração, Coradassi conta que houve avanços legislativos, técnicos e também em termos de ações de prevenção e orientação da população. Foi em 2013 que o município fez algo que poucas cidades ainda se preocupam em fazer: um censo.
“Contamos 59,9 mil cães e 7,6 mil gatos domiciliados. Os não domiciliados não contamos porque eles são poucos e dificilmente são o problema. O plano é atualizar o censo agora, em 2017”, afirma o diretor. Com um novo censo também será possível inferir o real impacto das políticas de castração – estudo que Curitiba nunca fez. Ainda neste ano, a cidade inovou mais uma vez e aprovou uma lei que dá desconto de IPTU para quem adotar cães e gatos acolhidos pelo município.
Apesar dos avanços, Coradassi acredita que é preciso apostar mais em educação. “A equipe de promoção da saúde faz palestras de guarda responsável e faz isso desde 1999. Em certos momentos diminuímos o ritmo, mas nunca paramos. É um ponto que merece mais investimento”. Para ele, o ideal é que a guarda responsável fosse um ponto vinculado à educação ambiental dadas nas escolas municipais.
O atual prefeito de Ponta Grossa está concorrendo à reeleição, mas os avanços da cidade não se devem a um ou outro gestor, especificamente, mas aos profissionais e entidades que trabalham pelo bem-estar animal no município há anos.
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Síria: o que esperar depois da queda da ditadura de Assad