Um projeto de Indianápolis, nos Estados Unidos, está dando uma segunda vida a estádios abandonados, utilizando partes das estruturas para construir novos espaços. Chamada de People for Urban Progress (PUP), a iniciativa sem fins lucrativos reaproveita assentos e parte do telhado das construções, montando pontos de ônibus, coberturas de proteção contra o sol, espaços públicos de descanso, entre outros.
A ideia do projeto surgiu em 2011 após o anúncio de que o time de futebol americano Indianapolis Colts se mudaria do RCA Dome rumo a uma nova sede. Como a construção seria demolida, os arquitetos Michael Bricker e Maryanne O’Malley propuseram um trabalho de reutilização do material da área.
Feito de fibra de vidro recoberta com teflon, o teto do RCA, por exemplo, ocupava uma área de quase 53 mil metros quadrados. Uma das primeiras ideias da equipe foi utilizar o material para criar bolsas, que seriam vendidas para arrecadação de fundos para o projeto. Assim, os primeiros mil produtos fabricados geraram cerca de US$ 70 mil em receitas, que subsidiaram os designers locais e estruturas para a cidade.
Com isso, inúmeras coberturas de proteção contra o sol foram construídas em parques e jardins urbanos, resultando em obras que o site do projeto descreve como “duráveis e bonitas ao mesmo tempo”.
Em 2012, outro estádio, o Indianápolis Bush, foi demolido e o PUP conseguiu recuperar 9 mil assentos. Alguns deles foram vendidos a fãs, levantando fundos para inserir os bancos em pontos de ônibus, deixando a espera dos cidadãos mais confortável. Atualmente, existem 50 dos chamados “Pupstops”.
O PUP está resolvendo um problema que muitas das grandes cidades enfrentam. Nos Estados Unidos, os novos estádios são construídos com milhões de dólares do dinheiro público, principalmente para ‘apaziguar’ os times, reforçar a imagem da cidade e atrair turistas. Mas é comum que a inauguração de um novo estádio torne obsoleta uma estrutura já existente, quando não haveria nada de errado com essa construção antiga. Estes locais geralmente acabam abandonados ou demolidos, gerando desperdício.
Resultados
Em Indianápolis, incorporadores já começaram a entrar em contato com a PUP antes de realizarem demolições, e o arquiteto Michael Bricker está dando consultoria sobre que materiais podem ser usados em banners e outras estruturas urbanas para que o projeto possa coletá-los mais tarde para este fim. “As pessoas estão pensando sobre o ciclo de vida dos materiais mais cedo, e eu acho que esse é um passo importante”, disse Bricker ao The Huffington Post. “Não deve ser uma reflexão tardia, deve ser o primeiro pensamento. E eu acho que nós estamos avançando nesse quesito”, completou ele.
Colaborou: Cecília Tümler