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Na modalidade carona, usuários permitem que desconhecidos com a mesma rota compartilhem uma corrida | Divuçgação/Uber
Na modalidade carona, usuários permitem que desconhecidos com a mesma rota compartilhem uma corrida| Foto: Divuçgação/Uber

Principal rival do Uber nos Estados Unidos, a Lyft descartou o serviço de caronas, cinco meses após o lançamento. E isso ocorreu mesmo sendo serviço – em que o motorista pode levar até quatro pessoas que saem de uma mesma região para um destino próximo, barateando a corrida – uma aposta de muitas empresas. No mundo todo, uma em cada cinco corridas do Uber é feita desta forma. O aplicativo Taxi Free, lançado em Curitiba, já permite que táxis façam o mesmo.

O programa “Lyft Carpool”, encerrado pela empresa no último mês de agosto, tentou operar em um modelo de carona tradicional – como nos anúncios estilo “Campinas-São Paulo. Sexta-feira 18h”, no mural da faculdade. o usuário agenda a corrida um dia antes, e o aplicativo procura alguém que irá fazer o mesmo caminho. Cada passageiro paga entre US$ 4 e US$ 10 (a depender da distância), enquanto o motorista ganha uma média de US$ 10 por viagem.

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Oficialmente, a Lyft diz ter “pausado” o produto para reformular a ideia. Mas informações da revista Forbes dão conta de que faltou interesse por parte dos motoristas. Eles não aderiram em número suficiente para dar conta da demanda, o que inviabilizou o serviço. A reportagem da Gazeta do Povo questionou a empresa sobre os motivos do cancelamento, mas não obteve respostas.

Não é o fim da linha para as caronas da Lyft. A empresa também opera um serviço de compartilhamento em tempo real. No “Line”, o aplicativo busca viagens parecidas que foram chamadas naquele instante. O valor da corrida é pré-fixado antes do embarque. O passageiro paga aquele preço, que é sempre mais barato do que a viagem normal, mesmo se mais ninguém entrar no carro. Para o motorista, a vantagem é poder receber de até quatro pessoas diferentes, fazendo uma única corrida.

O UberPool funciona igual. No Brasil, a modalidade só está disponível no Rio de Janeiro e em São Paulo. Tem a ver com a estratégia de expansão da empresa. Presente em mais de 500 cidades no mundo todo, o aplicativo só trabalha com as caronas compartilhadas em 80 delas, em geral mega cidades.

Mesmo assim, o serviço representa 20% de toda as viagens feitas por motoristas da empresa ao redor do mundo, já que as grandes cidades também representam um grande número de motoristas e usuários. Não surpreende o sucesso na China, país que tem dez cidades com mais de dez milhões de habitantes. Por lá, o UberPool já passa de 30 milhões de viagens mensais. No mundo todo, foram 250 milhões de chamados desde que o Pool foi lançado, há dois anos.

É o que pode explicar o insucesso do “Carpool”, da Lyft. O projeto foi lançado na Baía de São Francisco, que congrega mais de cem cidades da Califórnia, nos Estados Unidos. É uma região populosa, com mais de sete milhões de habitantes. Mas muito espalhados. A área total da baía equivale a 11 vezes a cidade de São Paulo.

Mudanças na mobilidade

Do ponto de vista da mobilidade, os serviços de caronas apresentam algumas soluções. A grande vantagem é conquistar passageiros dos carros individuais, diminuindo o número de veículos nas ruas. Em um “Pool” cheio, é como se um único veículo tirasse outros quatro da rua. Pode diminuir o congestionamento e as emissões de poluentes. Eem dois anos, o Uber estima ter evitado a emissão de 55 mil toneladas de gás carbônico na atmosfera com o Pool).

Também pode ser uma solução para regiões pouco ou mal atendidas pelo transporte público. Ao mesmo tempo pode ser um risco para regiões bem atendidas pelo sistema. Estudo encomendado pela prefeitura de Nova York estima que, para haver uma redução no engarrafamento da cidade, é necessário que 13% dos passageiros comuns de táxi e aplicativos migrem para o modo carona. Mas basta que a carona “roube” 1% dos passageiros do transporte público para o trânsito voltar à estaca zero.

O retorno que a carona traz para a sociedade é a linha de frente na propaganda das empresas. Mas, na hora de conquistas usuários, é o preço que conta. Em São Paulo, uma corrida do Parque Ibirapuera até o Aeroporto de Congonhas pode chegar a R$ 19, com o UberX. No Pool, o mesmo trajeto sai por R$ 16. Além disso, como o preço é pré-definido, o usuário não corre o risco de ser surpreendido com um engarrafamento inesperado.

Já para o motorista, a vantagem está em receber duas, três e até quatro vezes pela corrida. No exemplo acima, a viagem com o carro lotado pode chegar a R$ 64. Mas há o risco de ter prejuízo, caso só um passageiro seja atendido.

Contratempos

O tempo e a praticidade são os grandes inimigos da carona. Não que o sistema seja realmente mais demorado, a questão é a percepção do usuário. O Lyft Line no começo permitia que o motorista dirigisse a Leste para pegar um novo passageiro, mesmo que o destino ficasse a Oeste. Só que é insuportável para o usuário a ideia de voltar para buscar alguém, mesmo que a rota seja inteligente. O algorítimo foi mudado.

No mundo todo, o Uber estima que as viagens do Pool são apenas 4min12seg mais longas do que o normal. Mas ao aceitar o modo carona, o usuário deve estar ciente de que a viagem pode ser mais longa. Uma usuária ouvida pela reportagem conta que estava em uma viagem quando embarcou uma carona que ia para a rodoviária no Rio de Janeiro. A pessoa já estava atrasada para seu ônibus e ainda teve que esperar os outros passageiros descerem primeiro, já que nesta modalidade o motorista deve seguir o GPS do aplicativo.

“Não pegar quando está com pressa” é o grande segredo da modalidade. Além disso, é preciso ser compreensivo na hora de dividir o carro com estranhos. O Lyft, por exemplo, orienta o passageiro a não levar bagagens grandes e nem animais de estimação nas caronas. Entre os relatos ouvidos pela reportagem, há casos de passageiros alcoolizados, briga entre torcedores de times rivais e até de flerte, consentido, entre usuários.

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