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Futuro das Cidades

Rodízio de carros não reduz poluição se população não aderir

Estudo feito na Cidade do México mostra que o rodízio de carros não reduz poluição se população não aderir.  Na foto é possível ver a poluição atrás dos prédios. | Eneas De Troya/Flickr/Creative Commons/
Estudo feito na Cidade do México mostra que o rodízio de carros não reduz poluição se população não aderir. Na foto é possível ver a poluição atrás dos prédios. (Foto: Eneas De Troya/Flickr/Creative Commons/)

A extensão aos sábados das restrições de circulação veicular na Cidade do México não conseguiu diminuir os níveis de poluição do ar, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (2). A capital mexicana foi uma das primeiras no mundo a introduzir, em 1989, o rodízio de veículos – segunda na América Latina, atrás só de Santiago, Chile, que adotou a medida em 1986.

Durante o rodízio apenas os veículos com placas pares ou ímpares podem circular em dias determinados. O objetivo desta medida é combater a poluição atmosférica que, segundo a Organização Mundial da Saúde, mata por ano 3,7 milhões de pessoas no mundo. Mas, a exemplo do que está acontecendo na Cidade do México, o velho “jeitinho” e a falta de adesão da população faz com que o rodízio de carros não funcione.

A Cidade do México é uma das cidades mais poluídas do hemisfério ocidental, com níveis de particulados três a quatro vezes superiores aos de Nova York, São Paulo ou Buenos Aires, segundo o estudo, publicado pela revista científica Scientific Reports.

Isto se deve, em parte, à sua geografia, visto que a megalópole está rodeada por montanhas, que confinam as partículas poluentes. Durante quase duas décadas, o programa de rodízio de veículos “Hoje não circula” foi aplicado apenas de segunda a sexta-feira, e a partir de julho de 2008 se estendeu aos sábados.

O objetivo era reduzir 15% das emissões dos veículos, segundo o estudo. Mas após analisar os níveis de oito poluentes, entre eles o monóxido de carbono, o ozônio, o dióxido de enxofre e o dióxido de nitrogênio, os pesquisadores concluíram que a medida não tem “nenhum efeito discernível na qualidade do ar”, indicou o autor do estudo, Lucas Davis, da Universidade de Berkeley, na Califórnia.

Não houve mudança de comportamento da população

A iniciativa também não conseguiu motivar os motoristas a utilizarem mais o transporte público. Em vez de se deslocar em trem ou ônibus, os motoristas respondem às restrições utilizando um segundo veículo, caso o possuam, ou o de algum familiar ou amigo, afirmou Davis.

Os táxis – a Cidade do México conta com uma das maiores frotas do mundo, segundo o estudo – também são uma das principais alternativas. Davis analisou os dados de poluição do ar de 29 postos de controle distribuídos na Cidade do México, entre 2005 e 2012.

Segundo o estudo, cerca de 145 milhões de habitantes no mundo vivem em cidades onde se aplica o rodízio de veículos, como São Paulo, Santiago, Bogotá, La Paz, Pequim, Nova Délhi, Atenas e Bruxelas.

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