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Pós-doutorando da Universidade de Notre Dame,  Ashish Sharma analisa telhado verde em campo exeperimental | Reprodução/Youtube NDECI
Pós-doutorando da Universidade de Notre Dame, Ashish Sharma analisa telhado verde em campo exeperimental| Foto: Reprodução/Youtube NDECI

Foco de uma pesquisa da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, os telhados verdes e refletivos podem ser a solução para minimizar o aquecimento urbano. O estudo demonstrou que, na cidade de Chicago, a implantação desses recursos em larga escala poderia diminuir cerca de oito graus celsius na temperatura do ambiente.

Esses resultados representam boas notícias, levando em conta as projeções demográficas da Organização das Nações Unidas (ONU) , por exemplo, que vislumbram que a quantidade populacional habitante de áreas urbanas, que atualmente corresponde a 54% da população mundial, deve aumentar para 66% até 2050. Com esse crescimento exponencial, as cidades indicam ser cada vez mais palco dos efeitos das chamadas “ilhas de calor urbanas” (ICUs). Causadas em razão das estruturas das cidades, como ruas, paredes e telhados, esse fenômeno intensifica o efeito estufa.

Desenvolvido por Ashish Sharma, pós-doutorando da universidade, e publicado em junho deste ano, o estudo buscava justamente verificar se os telhados ecologicamente corretos poderiam minimizar os impactos das ICUs. Para isso, foram feitas análises de simulações dos efeitos de telhados frios, que são revestidos com uma membrana elástica e refletiva, e telhados verdes, cobertos com vegetação, em um campo experimental. No local, a equipe emulou três dias de quentes de verão, utilizando o sistema de previsões climáticas Weather Research and Forecasting (WRF) ,que ao longo da pesquisa se mostrou muito aproximada da realidade.

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Consequências climáticas

O pesquisador e sua equipe aferiram, que a região metropolitana de Chicago, cidade utilizada como amostra da pesquisa, teria uma diminuição de dois graus celsius na temperatura mais alta do dia com a implantação de telhados verdes e refletivos. Já na área principal da cidade, os estudos demonstram que a queda chegaria a cerca de oito graus celsius, conforme o professor de engenharia civil e ambiental e ciências da Universidade de Notre Dame, Harinda Fernando, explica em um vídeo de divulgação da análise.

Ashish Sharma, um dos autores da pesquisa da Universidade de Notre Dame. Reprodução
Youtube NDECI

O problema é que, em razão da diferença de temperatura gerada entre a região central e a metropolitana, esse tipo de implantação também interferiria no fluxo dos ventos da área. De acordo com Alan Hamlet, professor assistente de engenharia civil e ambiental e ciências da instituição, a utilização dos telhados em larga escala diminuiria a intensidade dos ventos verticais, entre outras consequências, o que teria impacto negativo na qualidade do ar.

Outro efeito seria uma interferência na atmosfera inferior, que abrange altitudes de até cerca de 2,5 km. Isso representaria uma alteração dos padrões climáticos a níveis regionais, em razão de um processo de convecção – quando o ar quente sobe para a atmosfera, retirando calor da superfície da Terra.

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Próximos passos

Todo o panorama significa que ainda são necessários maiores estudos de impacto, já que os telhados funcionam melhor em áreas altamente urbanizadas e nem todos os efeitos podem ser positivos. De acordo com a publicação, uma solução para não atrapalhar o fluxo de ventos seria, em Chicago, desenvolver ruas e edifícios que canalizem o ar com maior facilidade, ao invés de bloqueá-lo.

“Ao tomarem decisões sobre a implementação de telhados verdes, é necessário levar em consideração múltiplos fatores, como estética e conservação, viabilidade de água, conforto humano e justiça ambiental”, explica Hamlet, que ainda participará de aprofundamentos sobre o tema.

Veja o vídeo de explicação da pesquisa

Colaborou: Cecília Tümler

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