O aplicativo de transporte Uber começa a funcionar nesta sexta-feira (18) em Curitiba. Motoristas vinculados à empresa vão rodar a partir das 14 horas na categoria uberX, a versão mais barata e considerada mais “competitiva”. O preço mínimo (aquele que deve ser cobrado mesmo que a corrida seja curtíssima e não atinja os outros parâmetros de cálculo), de R$ 5, é o menor aplicado em cidades brasileiras (veja os valores).
A pressão de usuários e motoristas interessados pesou na escolha de Curitiba como nona cidade do país a receber o app. Embora a empresa não divulgue o número de motoristas que aderiram ao serviço, a busca ativa a interessados começou há um mês, apenas. “Nesta segunda leva de estreias [nas cidades brasileiras] percebemos um início bem mais rápido, dinâmico, porque as pessoas já estão conhecendo melhor o Uber. (...) No início, quando entramos em São Paulo, nosso público era de pessoas que gostavam de tecnologia. Hoje, nosso público é o que usa smartphones”, diz o diretor de comunicação do Uber no Brasil, Fabio Sabba. No ano passado, mais de 47 milhões de celulares inteligentes foram vendidos no país, segundo a consultoria IDC Brasil, e a expectativa para este ano é de 43,8 milhões.
A área de abrangência definida pelo aplicativo engloba todo o perímetro do município de Curitiba. Quem estiver na região metropolitana não pode chamar uma corrida, mas o usuário que estiver na capital pode escolher qualquer destino, inclusive para além das divisas de Curitiba.
Com valor de R$ 5, o preço mínimo da corrida, em Curitiba, vai ser o menor praticado nas cidades brasileiras, até agora. Já o preço base, similar à “bandeirada” dos taxistas, é de R$ 3, o mesmo praticado em Porto Alegre, e acima das demais cidades. A corrida ainda custa R$ 0,25 por minuto e R$ 1,12 por quilômetro rodado.
Para utilizar o serviço, é preciso ter o aplicativo do Uber instalado no celular. O app é disponível para sistemas iOS, da Apple, Android, da Google, e Windows Phone, da Microsoft.
Relação de confiança
A empresa conta com alguns mecanismos de segurança, que prometem proteger usuários e motoristas. Um deles é a não existência de anonimato: passageiro e condutor conhecem a identidade um do outro.
Ainda assim, não há ligação direta entre os celulares: o contato é intermediado por uma central, que age de forma automática, retransmitindo a ligação de um para o outro. Passageiro e motorista não têm acesso ao número do celular um do outro, como forma de manter a privacidade de cada um.
Além disso, os usuários são obrigados a cadastrar um cartão de crédito, que passa por verificação constante de validade. Motoristas, por outro lado, são obrigados a apresentar certidão negativa de antecedentes criminais, além de criar um seguro que proteja também os passageiros, e não apenas o veículo. O Uber também aposta na avaliação: um motorista ou usuário mal avaliado pode sofrer sanções e até ser excluído da plataforma.
Preço variável
Os preços divulgados pelo Uber são relativos à tarifa mínima do serviço na cidade. No entanto, a empresa trabalha com uma “tarifa dinâmica”. Quando há muita demanda para o aplicativo, o preço aumenta. É uma forma de incentivar os motoristas a ficarem on-line e ofertar o serviço de carona pelo aplicativo.
O uberX exige carros com quatro portas, ar condicionado e modelos 2008 ou mais novos, e o veículo pode ser de qualquer cor. O UberBLACK, que exige carros “executivos” e da cor preta, não tem previsão para começar a operar em Curitiba.
Regulamentação
O lançamento do aplicativo em Curitiba pode acirrar o ânimo de taxistas, que chegaram a realizar um protesto contra o Uber no ano passado, antes mesmo de a empresa demonstrar interesse na capital paranaense. Além disso, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) discute atualmente um projeto de lei que proíbe o serviço e impõe multa de R$ 1,7 mil aos motoristas do Uber.
De autoria dos vereadores Chico do Uberaba (PMN) e Jairo Marcelino (PSD), o projeto hoje encontra-se parado na Comissão de Serviço Público da Casa. Em audiência no dia 9 de março, os vereadores solicitaram um parecer sobre o assunto à Urbs, que administra o sistema de transporte na capital. No início do mês, a Secretaria de Trânsito (Setran) informou à Gazeta do Povo que os motoristas parceiros do Uber já poderiam ser multados, pela legislação atual.
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Leia a matéria completaSabba não deu detalhes sobre a regulamentação do serviço em Curitiba, mas citou as experiências de São Paulo, Goiânia e Porto Alegre. Para ele, hoje “a discussão já não é mais proíbe ou não proíbe, mas, sim, qual será a regulamentação”.
O grande “antagonista” do Uber, defende Sabba, é o carro particular. A ideia é que o usuário tenha o conforto de ter um carro disponível a qualquer momento sem precisar tirar o seu veículo da garagem.
Ele acredita que, em Curitiba, o uso do Uber pode ser similar àquele de Nova Iorque, por exemplo, onde há muitas viagens só de ida, de pessoas que usam o aplicativo para se conectar ao sistema de transporte público, integrando diferentes modais.
Boca a boca incentivado por comissão
No dia a dia do Uber, não cabe grande alarde nos meios de comunicação de massa. O negócio é o boca-a-boca, e remunerado. Cada motorista, por exemplo, ganha um bônus pela indicação de outro quando este completa 20 viagens pelo serviço. No caso de Curitiba, as 20 viagens resultam em R$ 400 para o motorista que indicou e R$ 100 para o indicado. “O boca-a-boca é o que sempre funcionou com o Uber”, diz o diretor de comunicação da empresa no Brasil, Fabio Sabba, que reforça que o “esquema” também ajuda a criar uma confiabilidade, segurança, para quem usa o serviço. “ Se você trabalha conosco e indica alguém que você também acha que vai se encaixar, ótimo”.
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