Nos últimos meses, a prefeitura de Nova York recebeu várias reclamações sobre moradores de rua que passaram a utilizar os totens do projeto LinkNYC, de acesso livre à Internet, para ver pornografia. Grupos que ficavam ouvindo música no equipamento por horas também foram alvo de queixas. A reclamações foram tema de reportagem do jornal The New York Times no último dia 14 de setembro e estão obrigando a cidade, uma das primeiras a agir para democratizar a Internet no espaço urbano, a rever o projeto.
O LinkNYC é um projeto do Sidewalk Labs, laboratório de soluções urbanas que, assim como o Google, pertence à Alphabet. Anunciado em 2014 mas implantado somente neste ano, o projeto consiste na substituição dos antigos orelhões da cidade por totens. Neles é possível acessar a Internet (e os serviços digitais da prefeitura), carregar celular e outros dispositivos e ainda fazer telefonemas, tudo pensado para quem não tem banda larga em casa ou mesmo não possui um smartphone.
De fato, dados de uma pesquisa da prefeitura de Nova York de 2014 mostram que 27% dos habitantes da cidade não tem acesso à banda larga em casa. Destes, 40% são nova-iorquinos com escolaridade abaixo do ensino médio e 34% pessoas que estão fora do mercado de trabalho. Daí o potencial de transformação da ideia por trás do LinkNYC.
Com as reclamações, porém, a prefeitura da cidade anunciou que vai retirar o acesso livre aos navegadores dos totens do LinkNYC, permitindo que os cidadãos ainda usem o wi-fi, por exemplo, mas a partir de equipamento próprio. O lado bom da história é que o projeto ainda está no início e que as consequências indesejadas ainda podem ser corrigidas. Ao todo, 400 totens já foram instalados (nem todos com wi-fi ainda), mas os planos são para um total de 4,5 mil equipamentos até 2019. A equipe do Sidewalk Labs está pensando agora em maneiras de evitar o “monopólio” dos equipamentos por uma pessoa ou grupos. A questão, só, é como fazer isso sem mexer demais com os objetivos originais do projeto?
Segundo reportagem da Revista Forbes, quase 475 mil moradores de Nova York já se cadastraram para utilizar os totens em operação e acessaram a banda larga dos equipamentos mais de 21 milhões de vezes.