São Paulo - O futuro da medicina estará em terapias cada vez mais individualizadas, focadas não apenas no controle dos sintomas, mas também na possibilidade de cura. Dentro de alguns anos, cada vez mais pacientes poderão ser tratados em casa, menos expostos a infecções e usufruindo de uma melhor qualidade de vida. A avaliação é do vice-presidente corporativo e presidente da área de pesquisa científica e desenvolvimento da Baxter Internacional, Norbert Riedel, que está no Brasil para discutir as tendências em pesquisas médicas com representantes do governo, parlamentares e profissionais da saúde. Para ele, as pesquisas cada vez mais têm foco na prevenção e na individualização dos tratamentos.
Entre as novidades pesquisadas pela Baxter (empresa que trabalha com produtos de biotecnologia, terapias especializadas e equipamentos hospitalares), Riedel destacou um novo tratamento para o Mal de Alzheimer. Um estudo está testando a eficácia de imunoglobulina como forma de evitar o acúmulo de placas no cérebro, que causariam danos à capacidade cognitiva. Se os resultados forem favoráveis, a nova terapia poderá estar disponível entre 2012 e 2014. "O tempo vai depender das agências regulatórias. As imunoglobulinas já são utilizadas no tratamento de imunodeficiências primárias. Já sabemos como produzir estes compostos, já temos a tecnologia, o que estamos estudando é uma nova aplicação", explica Riedel.
Outra novidade diz respeito aos avanços nas terapias de infusão intravenosa (ministradas na veia a pacientes hoaspitalizados. Com um novo tipo de sistema que dispensa o uso de diversas agulhas, o paciente fica menos exposto a infecções. Nos Estados Unidos o sistema já é usado, inclusive com o uso de conectores antimicrobianos, revestidos com uma camada de prata que evita a formação de colônias de bactérias.
Sem dor
Outro foco das pesquisas é o desenvolvimento de novas formas de administração de medicamentos. Uma enzima humana geneticamente modificada é capaz de aumentar a absorção de medicamentos injetados, o que permite que as soluções sejam aplicadas de forma subcutânea. "É muito menos doloroso e traumático do que a intravenosa e tem a mesma eficácia. Pacientes como crianças e idosos, que costumam ter dificuldades no acesso venoso, serão beneficiados", afirma Riedel.
O cientista falou também sobre a utilização de materiais biológicos que interrompem sangramentos abundantes em cirurgias de alto risco. Um medicamento que estanca o sangramento já está em fase da aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Testes feitos com pacientes submetidos a cirurgias cardíacas mostraram que, com o uso do biomaterial, 72% dos pacientes tiveram o sangramento interrompido três minutos.
Riedel falou ainda sobre as pesquisas na área de regeneração de pele e ossos. "Conseguimos preparar compostos com fibrina, cálcio e hormônio do crescimento para estimular a regeneração óssea, dispensando o uso de enxerto e cirurgias repetidas", explica. A mesma técnica é usada para estimular o desenvolvimento de uma nova pele em casos de queimadura.
A jornalista viajou a convite da Baxter
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