Ao som de violino que reproduzia a música My way, de Frank Sinatra, o corpo do paranaense Rodrigo Gularte, fuzilado na Indonésia na quarta-feira (29), foi enterrado no domingo (3) à tarde em Curitiba. Cerca de 200 pessoas acompanharam o enterro, entre familiares, amigos e curiosos. Parentes vestidos de preto choraram quando ele foi levado em um carro fúnebre à área de sepultamento.
Previso para as 16h, o enterro foi antecipado em uma hora a pedido da família. Um funcionário do cemitério disse que o corpo estava entrando em estágio de decomposição devido a problemas no translado. O corpo chegou na noite de sábado (2) a São Paulo e de lá foi trazido de carro para Curitiba, onde chegou por volta das 2 horas.
Antes de baixar o caixão, foram rezados dois pais-nossos e uma ave-maria. Ao lado do padre que fazia o sermão, pessoas próximas a Gularte choraram mais alto.
O velório acontecia no cemitério Parque Iguaçu desde às 6h da manhã. Pelo menos meia dúzia de coroas de flores foram colocadas para prestar a última homenagem.
“A família reconhece o erro do Rodrigo, mas não consegue entender a questão da pena de morte, o desprezo pela condição dele de doente [laudos apontam que Gularte era esquizofrênico]. Há um sentimento de muita injustiça”, disse o advogado Cleverson Marinho Teixeira, designado para falar em nome da família.
O fuzilamento
Gularte havia sido condenado em 2005 à morte por tráfico de drogas depois de ter sido flagrado com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe. Quatro minutos antes de ser morto por um pelotão de fuzilamento, falou: “Eu cometi um erro, mas pagar com a vida é excessivo demais.”
Ele pediu para ser enterrado no Brasil. Portador de esquizofrenia, disse à prima, Angelita Muxfeldt, que, se fosse enterrado no Brasil, “ressuscitaria” depois de 10 dias. Angelita ficou os últimos três meses na Indonésia para tentar livrá-lo da execução. Um dos argumentos era o fato de ele ser doente. O governo da Indonésia ignorou os apelos.