O Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) desencadeou na manhã desta terça-feira (24) uma operação nas cidades de Cascavel, Toledo, Vera Cruz do Oeste e Corbélia para desmantelar um esquema de fraudes em licitações de medicamentos, alimentos e de prestação de serviços médicos à Secretaria Municipal de Saúde de Corbélia. O titular da pasta, Francisco Celiomar da Silva, foi preso preventivamente.
Foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão e oito de condução coercitiva, por meio dos quais médicos, empresários e servidores públicos foram obrigados a prestar depoimentos. Entre as pessoas que foram detidas para prestarem depoimento estava o secretário de Saúde de Vera Cruz do Oeste, Enio Fritschi. O Gaeco quer saber o porquê de ele ter feito vários depósitos na conta da ex-esposa do secretário de Corbélia.
Para o Gaeco, os donos das empresas são suspeitos de fraudar licitações de produtos relacionados ao setor de saúde. Os produtos eram superfaturados com a conivência do secretário, de acordo com o grupo do MP que combate o crime organizado. O esquema teria deixado um rombo de aproximadamente R$ 250 mil, dinheiro que supostamente foi repassado como propina nos dois últimos anos. Os valores eram depositados na conta da ex-mulher do secretário. Segundo o Gaeco, ela não tem participação do esquema. Os investigados estão com contas bancárias e bens bloqueados judicialmente.
O delegado Thiago Nóbrega informou que muitos medicamentos eram comprados pela secretaria, porém, a aquisição ocorria apenas no papel. Nóbrega afirmou também que o dinheiro era desviado para a conta do secretário. “Existiam fraudes diversas envolvendo desvio de verbas públicas, de serviços que deixavam de ser prestados, mas que eram cobrados, e a diferença de valores era divida entre os empresários e o secretário de saúde”, afirmou o delegado.
Três médicos foram levados para prestarem depoimentos. A empresa em que eles são sócios presta serviço à prefeitura, que estava pagando o salário de uma médica que seria funcionária fantasma. Segundo o Gaeco, os médicos não sabiam que o secretário de Saúde recebia o salário pago a ela. As investigações apontam que os profissionais também não têm participação no caso.
Segundo o Gaeco, a ação é um desdobramento da Operação Panaceia, que resultou na prisão de três servidores públicos e do prefeito de Ibema, Antonio Borges Rabel (DEM), em junho. Os três servidores foram exonerados na segunda-feira (23) pelo prefeito interino, Paulo Pauwelz. A situação política de Rabel, que está afastado, segue indefinida. A Câmara de Vereadores tem até o dia 9 de dezembro para votar a cassação do mandato do político.
Outro lado
O advogado Armando de Souza, defensor do secretário de Saúde de Corbélia, disse que ele está colaborando com as investigações, mas que não poderia comentar o caso porque ainda não teve acesso ao processo de investigação.
A assessoria do prefeito de Corbélia, Ivanor Bernardi (PSD), informou que, por enquanto, o secretário não será afastado. A prefeitura está colaborando com o Gaeco, mas só tomará medidas caso seja constatado o esquema de corrupção.
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