Detidos em março, policiais já estão soltos
Os dez policiais civis presos no dia 17 de março, acusados de cobrar propinas para liberar criminosos detidos na delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, já estão soltos. Eles também são acusados de tortura e extorsão mediante sequestro. Sete dos 11 policiais foram soltos graças a habeas corpus concedidos no dia 30 de abril. Entre eles estava a ex-delegada titular da delegacia, Márcia Rejane Vieira Marcondes, e o superintendente da unidade, José Antônio Braga. Ontem, o coordenador do Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Leonir Batisti, confirmou que todos os policiais acusados de extorsão vão responder ao processo em liberdade. Além dos policiais, foram presos dois advogados, um funcionário da prefeitura de Colombo e pessoas ligadas ao Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Alto Maracanã.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, prendeu ontem 41 pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico de drogas em Curitiba, região metropolitana e litoral do estado. A operação, denominada Polegar, é um desdobramento da ação que resultou na prisão de dez policiais civis da delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, em março deste ano. Segundo o coordenador do Gaeco, o procurador de Justiça Leonir Batisti, a acusação de que os policiais recebiam até R$ 50 mil para liberar presos envolvidos com o tráfico e outros crimes na região de Colombo foi o ponto de partida da investigação.
Ontem pela manhã, 150 policiais do Gaeco e da Polícia Militar começaram a cumprir 42 mandados de busca e apreensão. Até o fim da tarde, 37 pessoas que tinham mandados de prisão expedidos contra si pela Justiça haviam sido presas. Outras quatro foram presas em flagrante, por posse de drogas ou armamento ilegal. Outra foi detida, ouvida e liberada. De acordo com Batisti, foram apreendidos 3,8 quilos de cocaína, meio quilo de maconha, 13 armas de fogo, sete veículos, três motocicletas e R$ 15 mil em dinheiro. A droga estaria em três lugares, mas os locais não foram divulgados.
Chefão
O maior mérito da operação Polegar pode ter sido a prisão de João Maria Costa, 53 anos. Segundo Leonir Batisti, Costa é acusado de distribuir as drogas para os outros suspeitos presos ontem. "Ele era conhecido como Doutor", afirmou o procurador. "Tinha várias pessoas que trabalhavam com ele, e também pessoas com suas próprias quadrilhas." De acordo Batisti, Costa foi preso em casa, no bairro Jardim das Américas, em Curitiba. O procurador disse que há indícios de que a droga distribuída vinha do Mato Grosso do Sul.
Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), a quadrilha dominava o tráfico de drogas "mediante ações violentas, com atuação maior nos bairros Vila Esperança e Campo Alto, em Colombo, e Vila Tingui, na capital." Batisti disse que as quadrilhas atuavam em Colombo, Pinhais e Piraquara, na região metropolitana, e em Matinhos e Pontal do Paraná, no litoral do estado.
Achaques
O coordenador do Gaeco não soube informar quantos dos acusados detidos ontem estiveram presos na delegacia do Alto Maracanã, nem quantos foram liberados depois de pagarem propina para os policiais. Segundo o promotor, João Maria Costa não participava diretamente das negociações. Os contatos com os policiais seriam feitos principalmente por Mario Vando Martins, 23 anos, preso ontem. "(Os contatos) eram feitos através de outras pessoas, até desdobrar nele (Doutor) o pagamento", disse Batisti. "Os presos eram achacados e faziam o acerto. Vamos tentar verificar (quantos estiveram presos no Alto Maracanã). Alguns destes temos certeza."
Batisti preferiu não revelar se o Gaeco chegou aos acusados por meio de informações dos policiais presos sob suspeita de extorsão. "Foi um trabalho de campo e cruzamos as informações", limitou-se a dizer. As 41 pessoas presas ontem foram encaminhadas para o Centro de Triagem de Piraquara, na região metropolitana. A operação Polegar contou com a participação de policiais militares da Companhia de Choque e da Força Samurai, além dos policiais lotados no Gaeco.
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