As ações conjuntas do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Polícia Federal (PF) e do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) resultaram na prisão de 127 pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico de drogas na região de Guaíra, no Oeste do Paraná, em 2009. Os números são resultado de uma série de investigações promovidas pelo Ministério Público (MP) no primeiro ano de instalação do Gaeco na cidade a fim de reforçar o combate a esse tipo de crime naquele ponto de fronteira entre o Brasil e o Paraguai.
Em alguns casos, os suspeitos foram presos em flagrante e também no cumprimento de mandados de prisões temporárias ou preventivas. Durante as diversas operações estendidas também a Cascavel, Terra Roxa, Umuarama, Campo Mourão, Pitanga e cidades de Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul ainda foram tirados de circulação 39,7 toneladas de maconha, 225 quilos de pasta-base de cocaína, 61 quilos de crack, 8,38 quilos de haxixe e seis armas entre elas um fuzil .30, calibre antiaéreo -, 58 veículos, 16 caminhões e 33 barcos usados no transporte de drogas e de mercadorias que entram ilegalmente no país.
Conhecida rota utilizada pelas quadrilhas especializadas no tráfico de drogas e de armas e no contrabando de cigarros, eletroeletrônicos e equipamentos de informática, a região passou a sofrer os reflexos do crime organizado nos últimos três anos. Com o aperto na fiscalização e no policiamento após a inauguração da nova aduana da Receita Federal na Ponte Internacional da Amizade, entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, o ilícito "subiu o rio", estabelecendo-se nos diversos municípios localizados ao longo dos cerca de 200 quilômetros de extensão do Lago de Itaipu.
De acordo com o coordenador do Gaeco em Guaíra, o promotor de Justiça Marcos Cristiano Andrade, o aumento da criminalidade, resultado da atuação dessas quadrilhas, exigiu esforços de diversos segmentos que atuam na manutenção da segurança pública, incluindo o Ministério Público a fim de que o problema fosse combatido. As investigações levaram à desarticulação de diversos grupos e à identificação dos seus integrantes em toda a cadeia, desde os mulas pequenos transportadores até os fornecedores e distribuidores que abastecem os principais pontos do país.
Além do trabalho do MP, o aumento da criminalidade em Guaíra levou à urgente ampliação do efetivo das polícias Federal, Rodoviária Federal, Civil e Militar para atuação exclusiva na região fronteiriça além da criação e implantação, em julho do ano passado, da Força Alfa (Companhia Independente de Polícia de Fronteira), mantida pelo governo do estado. Dez meses antes, a cidade foi palco da maior chacina já registrada no estado, quando 15 pessoas foram assassinadas e oito feridas em uma propriedade rural que margeia o reservatório da hidrelétrica, vítimas da disputa de traficantes pelo controle da área.
"Essa integração entre as polícias e com a promotoria tem sido essencial no combate à criminalidade, ampliada nos últimos anos em função da mudança das rotas usadas pelas quadrilhas. No ano passado, por exemplo, tínhamos informações sobre uma carga de quase uma tonelada de maconha. Não fossem os agentes da Força Alfa, dificilmente teríamos conseguido apreender o carregamento a tempo", lembra Andrade. Ainda segundo o promotor, a comarca de Guaíra foi a campeã em apreensão de maconha no país em 2009, com mais de 20 toneladas em um ano, "reflexo da intensa atuação dos grupos criminosos na região e do trabalho de repressão".