Um caminhão carregado com dinamite explodiu dentro do galpão de uma fábrica de explosivos localizada no bairro Aterradinho, em Bocaiúva do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, por volta das 15 horas deste sábado (8). O local fica no quilômetro 98 da BR-476, próximo à Estrada. As casas de um conjunto próximo, conhecido como Vila Angélica, foram afetadas.
Segundo informações do delegado-titular da região, Mário Sérgio Bradock, mais de 100 pessoas estão desalojadas porque tiveram suas casas afetadas pela explosão. “A defesa civil foi acionada e várias dessas pessoas estão aqui na delegacia prestando depoimentos”, disse ele. As informações do capitão Eduardo Pinheiro, da Defesa Civil do Paraná, dão conta de que pelo menos 80 casas foram diretamente danificadas pela explosão.
Ainda nesta tarde de sábado, Bradock prendeu o dono da empresa e espera ouvi-lo logo depois das testemunhas. Segundo o delegado, o empresário foi preso por dano ao patrimônio (público e privado) e também por ter colocado a vida de várias pessoas em risco. Bradock não informou se a fábrica tinha licenças em dia, mas afirmou que pelo menos outras 50 toneladas de dinamite estão no local. “A Polícia Militar e o Esquadrão Anti-Bombas estão lá averiguando a situação”. A área da explosão foi isolada em um raio de um quilômetro.
Veja onde ocorreu a explosão:
Cerca de 30 pessoas deram entrada no Hospital Municipal Clínica Santa Júlia, localizado nas imediações da explosão, de acordo com o enfermeiro Antonio Marcos. Dessas, pelo menos 15 já foram liberadas, pois apresentavam apenas ferimentos leves. Dos que continuam internados, a maioria aguarda por exames de raio-X, e até então não foi registrado nenhum ferimento grave. “Muitas pessoas tiveram a cabeça acertada por telhas e aparelhos de TV, por exemplo”, conta Marcos.
O enfermeiro explica que novos pacientes continuam dando entrada no hospital, que conseguiu prestar atendimento a todos os feridos até o momento.
No centro de Bocaiúva, o Corpo de Bombeiros também registrou uma solicitação para atender uma ocorrência em uma loja, onde o teto teria desabado em decorrência da explosão.
Moradora do bairro de São Marcos, localizado a cerca de 10 quilômetros do local do incidente, a funcionária pública Márcia de Castro sentiu um tremor logo antes de ouvir a explosão. “Logo que aconteceu, todo mundo na região saiu de casa para ver o que tinha acontecido”.
Na casa de Dirce de Castro, mãe e vizinha de Márcia, o abalo chegou a destruir o vidro a cozinha e soltar partes do forro do teto. Dirce estava dormindo e acordou com o tremor. De acordo com Márcia, a igreja São Marcos, que fica próximo da casa de ambas, também teve os vidros destruídos.
Por meio das redes sociais, pessoas que estavam em Colombo também dizem ter sentido os tremores e afirmavam que as janelas de algumas casas ficaram estilhaçadas.
Outro lado
A Explopar, responsável pela fábrica de dinamite, se manifestou na segunda-feira (10) por meio de nota e disse que a explosão foi um ato criminoso. “ A Explopar recorrerá da decisão que manteve a prisão cautelar do Sr. Milton Lino Silva. A empresa reafirma que foi vítima de ato criminoso praticado por terceira pessoa e, independentemente da certeza de que a empresa e o Sr. Milton não cometeram nenhum crime, continuará no propósito de buscar mecanismos para reparar os danos sofridos por outras vítimas dos efeitos da explosão”, diz a nota.
Litoral
A explosão em Bocaiúva do Sul teve reflexos em outras cidades da Região Metropolitana de Curitiba e até mesmo nos municípios do litoral da Paraná. Moradores de Paranaguá e relataram que sentiram suas casas tremerem nesta tarde e muitos acreditavam que havia ocorrido algo na própria cidade – o que não se confirmou.