Uma ordem de dentro do sistema carcerário de Londrina, no Norte do estado, pode ter dado fim à guerra entre grupos rivais da zona oeste de Londrina, que se enfrentam há pelo menos seis anos. Ainda no sábado, líderes da Rua Pantanal (Jardim Santiago), Jardim Leste-Oeste e do Conjunto Nossa Senhora da Paz selaram o fim do conflito estendendo bandeiras brancas nos bairros, em sinal de paz. Nesta segunda-feira (31), observados por líderes do tráfico que circulavam em carros na região do Jardim Leste-Oeste, moradores e integrantes das gangues se reuniram e anunciaram o acordo para as comunidades. Moradores estimam que mais de 30 pessoas já morreram na guerra entre as quadrilhas. Até mesmo o comércio local sofre prejuízos com a onda de mortes e assaltos.

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A determinação de firmar o acordo de paz também teria chegado a outras favelas de Londrina. O pacto entre grupos inimigos foi costurado dentro da Casa de Custódia, da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL) e em distritos onde estão detidos separados membros das duas facções. "Por telefone e por cartas, os líderes se comunicaram e resolveram parar com a briga não só aqui, como na cidade inteira", anunciava um morador da Rua Pantanal, sem se identificar. "Acabou a guerra". "Não sabia mais se eu podia vir aqui em cima (Nossa Senhora da Paz) e voltar vivo para o meu bairro", disse aliviado um morador do Jardim Leste-Oeste. "Era uma tensão constante. Dormir em paz já era coisa rara", completou um membro da gangue do Nossa Senhora, em meio à pequena multidão que comemorava a decisão no meio da rua.

"Ninguém mais mexe um com o outro", ressaltou Valdecir Rangel, morador do Nossa Senhora da Paz, um dos que encaminhou o diálogo entre os grupos opostos. Na presença da imprensa, os históricos adversários se deram as mãos e rezaram um Pai-Nosso, prometendo o fim do cotidiano de tiroteios, mortes e brigas. "A garantia é a nossa palavra e a palavra dos manos de dentro da cadeia", respondeu um morador. "É tudo olho no olho".

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Nesta segunda, os grupos marcaram até mesmo um campeonato de futebol no campo da Vila Santa Rita, abandonado desde que os ânimos se acirraram. Será no domingo, Dia dos Pais.

Lado a lado, integrantes de territórios inimigos ainda estranhavam a nova realidade. "Se fosse antes, você nem estava mais aqui", dirigiu-se um membro do grupo do Nossa Senhora da Paz a uma moradora com o filho pequeno no colo, revelando como era o clima de hostilidades entre os lados.