Curitiba A bancada estadual e federal e os prefeitos do PMDB no Paraná estariam "liberados" pelo governador do estado, Roberto Requião, para apoiar a candidatura do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, à presidência. A afirmação é do próprio Garotinho, que esteve ontem em Curitiba para pedir votos a correligionários para as prévias que o partido fará no dia 19 de março. No dia anterior, Garotinho jantou com Requião, em clima solidário.
A insistência na desvinculação do apoio político de Requião a qualquer pré-candidatura é importante para Garotinho. Seu único concorrente inscrito até agora para as eleições internas do partido, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, tem a simpatia de grande parte do PMDB do Paraná.
"Até 15 dias atrás era possível apostar que no Paraná o maior apoio iria para Rigotto. Agora, depois do trabalho de Garotinho, que telefonou para vários deputados pedindo votos, não se pode falar mais de forma definitiva", avaliou ontem Dobrandino Gustavo da Silva, presidente do PMDB no Paraná.
Caso seja derrotado nas prévias de março, o ex-governador carioca confirmou secundar a decisão do partido e ajudar Rigotto. "Minha relação com Rigotto é boa e ele merece todo o meu respeito. Mas estou otimista e acredito que vou conseguir de 65% a 70% dos votos e espero ter o apoio dele nessa hipótese", disse.
Garotinho avaliou como "positivo" o resultado da Pesquisa Datafolha, divulgada na última quarta-feira, que o deixa em terceiro lugar em uma disputa entre Lula e José Serra, prefeito de São Paulo, ou entre Lula e Geraldo Alckmin, governador de São Paulo. "Estou dentro da média, achei bom o meu desempenho. Ainda mais levando em conta a aparição dos candidatos na televisão. O Lula está todo dia no Jornal Nacional, se você fizer uma pesquisa nos últimos 30 dias, só apareceu mais do que o Lula William Bonner e Fátima Bernardes", alfinetou. "Cabe ao TSE julgar, campanha fora de hora é crime", completou.
Garotinho aproveitou para fazer críticas à política econômica do governo e à "lentidão" em resolver problemas. "O governo levou três anos para fazer uma operação tapa-buracos, parece que Lula administra um conjunto de tartarugas", ironizou.
Tudo ou nada
Se não for escolhido para ser o candidato à presidência do PMDB, Garotinho garantiu que não vai participar das eleições de 2006. "É uma decisão pessoal, se não for a presidência, não vou disputar nada nesse governo, nem senador pelo Rio de Janeiro, nem vice, nem nada", confirmou.
Quanto à sugestão do presidente nacional do PMDB, o deputado Michel Temer, de incluir mais nomes nas prévias, Garotinho foi reticente. "Acho que não tem problema nenhum, mas para mim é estranho alguém se inscrever a poucos dias das prévias, sem ter tempo de falar com as bases", disse.
Ao ser cogitado o nome do presidente do Senado, Renan Calheiros, entre os possíveis pré- candidatos, Garotinho não poupou críticas. "Se a prévia fosse decidir quem seria o vice de Lula, o Renan Calheiros poderia se inscrever, mas para ser candidato do PMDB acho difícil; ele está defendendo apoio a Lula", avaliou.
O senador Renan Calheiros, "perdoou" as críticas de Garotinho, disse compreender a sua posição e continuar a ser amigo do ex-governador fora do debate político. "Só não entendo porque ele tem tanta pressa para as prévias se as convenções se realizam apenas em junho", disse.
Garotinho volta ao Paraná no dia 13 de março para continuar sua campanha de petição de votos no interior, depois de ter passado por todos os estados, menos o Rio Grande do Sul, "por uma questão de respeito a Rigotto". Nas próximas semanas ele visitará Rondônia, Acre, Amazonas e Pará.