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Poder público

Gasto atual é menor, mas sem critérios

O governador Roberto Requião tem usado a TV Educativa para lançar dúvidas sobre as relações da imprensa paranaense com o governo de Jaime Lerner, que dirigiu o estado de 1995 a 2002. Requião acusa o governador anterior de ter "distribuído" em oito anos às rádios, tevês, jornais e revistas o equivalente a R$ 1,5 bilhão em valores atualizados. Insinua que os valores foram "dados", mas não reconhece a contrapartida dos serviços que estes veículos prestaram. Na média, o atual governador tem gastado três vezes menos do que o antecessor em publicidade. O problema é que gasta mal, como constatou a 5.ª Inspetoria de Controle Interno do Tribunal de Contas (TC).

O Tribunal não só identificou irregularidades como pede ressarcimento ao erário dos valores gastos com essas publicações e ainda sugere multa a quem autorizou as despesas. Na interpretação do TC, um único caso já é bastante elucidativo. "Em face do excessivo valor gasto com o jornal Hora H, esta Inspetoria iniciou processos distintos de 'Comunicação de Irregularidades', por entender que os gastos autorizados pelo secretário de estado da Comunicação Social são antieconômicos", diz o relatório do TC.

Ineficaz

O que motivou as comunicações de irregularidades do Tribunal de Contas são "as publicações de atos oficiais em duplicidade ou multiplicidade de veículos, incluindo o Hora H, o qual, como se procurou demonstrar, não é meio eficaz para fazê-los, uma vez que é um tablóide de restrita circulação e pequena tiragem, e desta forma não traria efetividade às publicações nele veiculadas". O Hora H, que tem uma tiragem oscilante entre 1,5 mil e 2 mil exemplares diários, foi justamente o mais agraciado com verbas publicitárias no governo Requião. Foram nada menos do que R$ 3,3 milhões em quatro anos.

O Hora H recebeu, sozinho, 12,76% dos recursos destinados a 64 jornais no período. O montante atualizado desses gastos é de R$ 25.935.473,00 entre janeiro de 2003 e dezembro de 2006. Já o total gasto por Requião em publicidade é de R$ 231,4 milhões, em valores corrigidos.

Só com o Hora H, o governo "investiu", em média, R$ 283,36 para chegar a um grupo de mil leitores. Pelos mesmos critérios de medição, bastariam R$ 12,18 (ou seja, 23 vezes menos) para alcançar o mesmo público investindo no jornal de maior circulação do Paraná.

Comparação

Considerando sua tiragem máxima, o Hora H rodou 2,9 milhões de exemplares nesses quatro anos (incluindo os encalhes), enquanto a Gazeta do Povo, por exemplo, chegou a 69 milhões de exemplares efetivamente vendidos no período. Só para efeito comparativo, o Hora H teve tiragem 24 vezes menor, mas faturou do governo uma quantia quatro vezes maior do que a Gazeta. Outros jornais igualmente inexpressivos receberam, proporcionalmente à sua tiragem, altos valores em publicidade oficial.

O fim da publicidade em grandes veículos tem dificultado a comunicação com a sociedade. Pela ordem, a televisão tem maior abrangência, seguida pelo rádio, pela mídia exterior (como outdoors), jornais e revistas. Especialistas no setor dizem que para ser eficiente, a comunicação governamental precisa se utilizar de meios de massa, mesclando os pequenos e os grandes veículos. Do contrário, não consegue atingir todos os níveis sociais.

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