De seis páginas a maior jornal do Paraná
Benjamin Lins e De Plácido e Silva lançaram, em 3 de fevereiro de 1919, o primeiro exemplar da Gazeta do Povo. Um jornal com apenas seis páginas, sem nenhuma foto e com metade de seu espaço ocupado por anúncios publicitários. Quando completou 43 anos, a Editora Gazeta do Povo foi comprada pelos empresários Francisco Cunha Pereira Filho e Edmundo Lemanski. Na época, a publicação estava em terceiro lugar na preferência dos leitores paranaenses e enfrentava dificuldades financeiras. Mas Lemanski e Cunha Pereira apostaram no negócio e no crescimento e modernização do Paraná.
Comercial já está unificado
No departamento comercial da Gazeta do Povo a integração entre internet e impresso já é uma realidade desde abril de 2009. Segundo o gerente comercial Guilherme Vieira, a Gazeta do Povo foi um dos primeiros jornais brasileiros a apresentar ao mercado este novo conceito. "Nossa proposta é levar informação, seja ela jornalística ou publicitária, onde o leitor estiver, independente da plataforma." Na avaliação da vice-presidente da RPC, Ana Amélia Filizola, o resultado é bastante positivo. "Por um lado, a equipe que trabalhava com o impresso aprendeu rapidamente a pensar em bytes. E o grupo da internet entendeu que a união ia aumentar o seu lastro também."
Equipe
214 pessoas formam hoje a redação da Gazeta do Povo, de um total de 677 funcionários da editora.
> 153 jornalistas
> 24 fotógrafos e programadores visuais
> 20 paginadores
> 6 ilustradores
> 5 infografistas
> 3 revisores
> 3 digitadores
A Gazeta do Povo celebra hoje seu 91.º aniversário e, em meio às comemorações, se prepara para mais uma grande mudança. Este será o ano da integração no maior jornal do Paraná. Dentro de alguns meses, as equipes de jornalismo impresso e on-line serão reunidas em uma só redação, formando um grupo de mais de 200 pessoas, focadas na produção de conteúdo jornalístico para as duas plataformas.
O processo de convergência entre os dois meios começou ainda em 2006, quando as duas equipes passaram a ocupar um mesmo espaço físico e trabalhar o planejamento e a produção de alguns conteúdos de maneira integrada. Agora, um grupo de 18 profissionais (das diversas áreas envolvidas) trabalha na definição de um modelo de integração completa. Um exercício pelo qual já passaram vários jornais ao redor do mundo como os americanos The New York Times e Daily News e o britânico The Guardian mas que ainda é incipiente na grande maioria dos veículos brasileiros.
A editora-executiva para internet, Silvia Zanella, explica que não existe uma metodologia pronta para essa união, e que o foco do estudo do grupo está na manutenção da identidade de cada meio. "A Gazeta do Povo hoje é feita em dois tempos: em cerca de 20 horas de atualização diária, para o site, e na edição impressa do dia seguinte", diz. "Nosso grande desafio será fazer essa engrenagem funcionar perfeitamente, obedecendo esses dois tempos de uma forma integrada sem anular os perfis e as naturezas dos meios."
Uma orquestra
Inicialmente, os 33 profissionais que trabalham hoje para a Gazeta do Povo On-line serão distribuídos nas áreas afins da redação do jornal impresso. "Vamos trabalhar como uma orquestra, na qual os músicos tocam instrumentos diferentes mas que precisam estar em perfeita harmonia", compara a editora.
A vice-presidente da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), Ana Amélia Filizola, vê a consolidação da integração das equipes de jornalismo como o fechamento de um importante ciclo na Gazeta do Povo iniciado em 2008 com o novo projeto gráfico e editoral do jornal. "Nosso grande foco está no leitor, em acompanhá-lo nos diversos momentos do seu dia, seja pelo computador, no jornal impresso, no telefone celular ou nos novos tablets", diz a vice-presidente. "Esse é o futuro que vemos para os jornais. Pelo valor da sua informação, a credibilidade e a força da marca Gazeta do Povo."
Pilotos
Um primeiro "teste" para a junção das equipes foi iniciado no fim do ano passado, com a integração das equipes on-line e do jornal impresso das editorias de Esporte e Vestibular. Para Silvia, a experiência está contribuindo para identificar os gargalos que precisam ser vencidos, mas também as oportunidades que se abrem com o novo formato.
Para o editor de Esportes da Gazeta do Povo, Leonardo Mendes Júnior, o grande desafio do novo modelo está sendo ajustar a velocidade de pensamento e planejamento dos trabalhos para cobrir os dois meios. "A equipe tem uma cultura forte do impresso, que tem um ritmo diferente da web. Mas aos poucos vamos nos acostumando a pensar nos dois caminhos", diz. "Além disso, já existe uma base de conhecimento para o jornal muito forte. A internet, ao contrário, está acontecendo, mudando diariamente."
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