No ano em que se completa o 30.º aniversário do assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do DOI-Codi em São Paulo, a série de reportagens "A Infância no Limite", publicada pela Gazeta do Povo em novembro do ano passado, é laureada com o primeiro lugar na categoria Jornal do mais importante prêmio de jornalismo do país na área de proteção aos direitos humanos que leva o nome do jornalista. A série, de autoria do repórter Mauri König e do repórter fotográfico Albari Rosa, retratou a exploração sexual de crianças e adolescentes ao longo de 7 mil quilômetros de fronteira entre Chuí (RS) e Corumbá (MS).
Numa decisão inédita da comissão julgadora, a matéria da Gazeta do Povo dividiu o primeiro lugar com a reportagem "Infância despedaçada", publicada pelo Correio de Pernambuco. Os vencedores serão contemplados com uma estatueta assinada pela artista plástico Elifas Andreato além do enorme prestígio proporcionado pelo troféu.
Durante 30 dias, Mauri e Albari percorreram 9,2 mil quilômetros, visitaram 39 pontos de prostituição e exploração sexual e conversaram com 42 fontes de informação oficial sem falar nos agentes, intermediários, clientes e nas próprias meninas. Nessa jornada, viram na prática a abissal distância entre os preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a realidade nas ruas e casas de prostituição das cidades fronteiriças.
"Em razão da repercussão dessa reportagem, a Gazeta do Povo decidiu investir na continuação da série, o que permitiu o levantamento da situação nas fronteiras do Norte do Brasil", conta o jornalista Mauri König. A segunda parte da "Infância no Limite" foi publicada este mês na Gazeta.