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Brasília

Mobilidade comprometeu planejamento

Cidade planejada, Brasília deveria ser hoje exemplo de mobilidade urbana. Não é. A capital brasileira, com 2,5 milhões de habitantes, enfrenta os mesmos problemas que outras capitais de mesmo porte. "Há um rápido adensamento da cidade e do entorno sem controle do uso e ocupação do solo, carência de um sistema viário eficiente e falta de políticas integradas entre os governos federal, distrital e municipal", afirma o secretário dos Transportes, Paulo Barongeno.

O arquiteto e urbanista Valério Medeiros cita que a "forte setorização [bairros distantes uns dos outros], resultante do desenho de Brasília, contribui para dificultar a dinamização do espaço". Ele lembra que a cidade detém o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, distinção que impede certas mudanças em sua arquitetura.

A Secretaria dos Transportes informa que está em execução o Plano de Transporte Urbano (PTU), para implantar uma "nova concepção de operação do sistema de transporte público coletivo", além de um projeto cicloviário. Contudo, a obra de maior impacto para a Copa de 2014 será a implantação de um sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um trem urbano com menos capacidade e velocidade que os trens do metrô, porém menos poluidor e barulhento.

A geografia do Rio de Janeiro premia a cidade como uma das mais belas do mundo. No entanto, por estar entre o mar e montanhas, a capital fluminense oferece um desafio constante em relação à mobilidade urbana. Some-se a isso seguidos anos de ausência de planejamento e de prioridade no sistema de transporte, principalmente o coletivo. Um dos resultados desse descaso está em um estudo divulgado neste mês pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A região metropolitana do Rio possui o menor porcentual no país de trabalhadores que se deslocam diretamente para o trabalho com tempo inferior a 30 minutos: apenas 43,9%.

O doutor em Engenharia de Transporte, Walber Paschoal, afirma que falta transporte público para atender a demanda. "E o pouco que é oferecido, é de má qualidade." Segundo ele, um entrave na questão da mobilidade também passa pela atenção à "convergência radial" do Rio, que direciona a maior parte do fluxo de veículos para um centro comercial.

O secretário municipal de Transportes do Rio, Alexandre Sansão, diz que o porcentual da população que usa transporte público é de 70% entre as viagens motorizadas, ante um índice de 50% verificado em São Paulo. Ele admite que há oferta de ônibus excessiva nos bairros da Zona Sul e escassa em regiões mais distantes, como a Zona Oeste.

Como solução para os principais gargalos de locomoção, Paschoal enumera um planejamento em três pontos. Primeiro, de estratégia, para fazer um diagnóstico da qualidade com que os meios de transporte operam. Depois, uma ação tática: implantar simulações para observar o impacto que intervenções propostas teriam no sistema. Por fim, um planejamento operacional. "Acompanhar os efeitos resultantes das ações de estratégia e tática."

Para os Jogos Olímpicos de 2016, Sansão afirma que o Rio contará com quatro corredores de Trânsito Rápido de Ônibus (BRT). Para Paschoal, o governo passará a dar mais atenção ao sistema de transporte com a Copa de 2014 e a Olimpíada. "Vai melhorar a mobilidade. Mas logo estará tudo congestionado de novo", diz, tendo décadas de ausência de planejamento como respaldo para sua previsão.

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