Com potencial para fazer carreira como jogador de basquete, Luiz Henrique Martin quer mesmo é ser o Incrível Hulk. Ele tem 2,21 metros de altura, 19 anos e mede até 10 centímetros mais do que os atletas da Confederação Brasileira de Basquete. Mas pretende trocar as quadras pelo picadeiro do Circo Popular Brasil, em Adamantina, no interior paulista, onde vai encarnar o super-herói grande e verde das histórias em quadrinhos. "Podia fazer minha fama no basquete. Jogo bem. Mas quero ganhar o meu dinheiro em uma coisa que eu tenho vontade de fazer", conta Martin.
O menino gigante já assumiu o novo emprego. Mudou-se para São Paulo há uma semana e deve ficar confinado e fazendo exercícios por cerca de três meses. O objetivo é transformar parte dos seus 145 quilos em músculos. Para completar o figurino, Martin estava decidido a tatuar todo o corpo, fazer implante de dentes e colocar uma prótese na testa. Porém, o dono do circo contou que isso não será necessário. "Temos uma tinta especial para o corpo e vamos fazer efeitos com luzes. A grande vantagem do espetáculo é a tecnologia", afirma Wellington Gregório Nogueira. A estréia do Hulk está prevista para acontecer em quatro meses.
Martin supera o atual recordista brasileiro, o ex-jogador de basquete paulista Emil Rached, 63 anos, em um centímetro de altura. Entretanto, a Rank Brasil, empresa que audita e homologa os recordes nacionais, já tem conhecimento de um jovem mais alto que os dois. Trata-se do paraibano Joélisson Fernandes da Silva, de 21 anos, com 2,29 metros. O recorde mundial, segundo a Guinness Records, é do chinês Xi Shun, que aos 56 anos tem 2,36 metros.
Martin já nasceu "grande": prematuro de oito meses, o pontagrossense tinha 3,450 quilos e 51 centímetros. "Não sei o que ele tomou que cresceu demais", brinca a mãe Rosane Ivanki Garcia, que tem 1,75 metro de altura.
Além do problema com o tamanho das carteiras, foi na escola que Martin ganhou os primeiros apelidos: Gigante, King, Pequeno, Miúdo, Luizinho, Montanha, Baby. "Se eu batia em alguém, a diretora vinha e falava: você, maior... brigando com eles...", lembra.
Aos 12 anos, abandonou os estudos para se dedicar ao basquete. Passou por todos os times de Ponta Grossa, sempre na categoria adulta. A vida de atleta durou quase cinco anos. Desde os 15, o futuro Hulk trabalha como segurança em casas noturnas. Em Matinhos, para onde se mudou com a mãe no fim do ano passado, teve contato com o meio artístico. Foi incentivado pelos amigos a seguir carreira circense durante a temporada em que trabalhou como segurança em um circo local. "Quero juntar grana para concluir meus estudos, fazer minha vida e ajudar minha família", planeja.
Ser grande não incomoda Martin, que calça 53 e enfrenta dificuldades em tarefas corriqueiras: tetos muito baixos, camas curtas a dele é improvisada com um colchão encima de um armário deitado no chão carros apertados e roupas especiais.
Mas a altura virou sua aliada. Entre as vantagens, ele cita trocar lâmpadas, pintar o teto, levantar móveis e despertar o interesse nas mulheres. "Elas ficam curiosas", brinca. "Hulk" prefere as loiras baixinhas. E, do ponto de vista dele, todas são baixinhas. Mas os gigantes também tremem. Martin tem medo de aranhas, injeção e não quer encontrar alguém mais alto que ele.
De acordo com o endocrinologista Henrique Suplicy, o tamanho de Martin pode ser genético ou devido a um tumor benigno em uma glândula na base do cérebro a hipófise. Ele explica que casos como este podem ser diagnosticados com uma ressonância magnética e com a dosagem da produção de hormônio do crescimento controlado pela hipófise. No caso de deficiência da glândula, podem existir duas doenças: o gigantismo (quando crianças e adolescentes crescem exageradamente) e a acromegalia (desenvolvida na fase adulta e que faz crescer extremidades, como as mãos, os pés e o queixo).
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