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Operação zelotes

Gilberto Carvalho fez ‘conluio’ com lobista, diz PF

Carvalho negou ter recebido recursos ilicitamente no período em que trabalhou no Palácio do Planalto. | Ueslei Marcelino/Reuters
Carvalho negou ter recebido recursos ilicitamente no período em que trabalhou no Palácio do Planalto. (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

Relatório da Operação Zelotes afirma que o paranaense Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do ex-presidente Lula e ministro durante o primeiro governo Dilma Rousseff, esteve em “conluio” com um lobista interessado na edição de uma medida provisória que beneficiou o setor automotivo.

Segundo a Polícia Federal (PF), Mauro Marcondes, sócio-proprietário da microempresa Marcondes e Mautoni, e outro escritório de lobby, a SGR Consultoria Empresarial, de José Ricardo da Silva, pagaram ao menos R$ 6,4 milhões a “colaboradores” para conseguirem editar, no fim de 2009, a medida provisória que prorrogou por cinco anos os benefícios fiscais concedidos em uma lei de 1999.

O relatório da PF não reuniu provas de que Carvalho recebeu propina para a edição da medida, mas apontou um “conluio” entre o ex-ministro e Marcondes “quando se trata da defesa de interesses do setor automobilístico”.

Segundo a PF, a medida provisória 471, de 2009, foi assinada pelo então presidente Lula apenas quatro dias depois de um evento que teria ocorrido em 16 de novembro de 2009 e foi identificado como “Café: Gilberto Carvalho” em um papel apreendido na casa de outro lobista, Alexandre Paes dos Santos.

“Constatamos que as relações mantidas entre a empresa do lobista Mauro Marcondes e o Gilberto Carvalho são deveras estreitas. Os documentos [...] fortalecem a hipótese da ‘compra’ da medida provisória para beneficiamento do setor automotivo utilizando-se do ministro que ocupava a ‘antessala’ do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, responsável direto pela edição de medidas provisórias”, afirma o relatório da PF.

Para demonstrar a intimidade entre os dois, a PF cita uma mensagem da mulher de Marcondes para que fossem comprados presentes para as filhas de Carvalho.

Em e-mail direcionado a Carvalho, em dezembro de 2007, Marcondes afirmou estar “recorrendo mais uma vez ao amigo, para cumprir esta incumbência daquela forma informal e low profile [discreta] que só você consegue fazer sem as formalidades e no momento oportuno”.

Em uma planilha apreendida pela PF na casa de Alexandre Paes dos Santos, Carvalho é citado entre outras pessoas dentro de um “projeto de prorrogação por mais cinco anos (2015-2020) do Benefício Fiscal para a Caoa”. O ex-ministro apresentou-se espontaneamente para ser ouvido pela polícia.

Outro lado

Carvalho negou ter recebido recursos ilicitamente no período em que trabalhou no Palácio do Planalto. “Nunca recebi dinheiro nenhum. Eu tenho uma chácara, um apartamento para pagar em vinte anos e uma filha falida, a quem tenho de ajudar. Estão fazendo meras e tristes interpretações. Quero que comprovem se recebi um tostão.”

Ele argumenta que as MPs não passavam por sua alçada, tanto na gestão Lula quanto durante o governo Dilma. Sustenta ainda que os investigadores estão fazendo acusações sem provas.

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