Gisele Bündchen move multidões. Ou, pelo menos até seu último desfile pela Colcci, na SPFW, movia.
A muvuca começou horas antes do horário marcado para a apresentação, quando fãs lotavam os corredores do espaço. Poucos minutos antes das 21h, a sala já estava lotada. Minutos antes de Gisele entrar na passarela, um vídeo-homenagem para a top foi transmitido nos telões, antecipando a emoção que estava por vir.
Quando de fato pisou na passarela, a festa estava feita. A modelo entrou de vestido branco de renda sobreposto a um top com cortes geométricos e uma sandália gladiadora, arrancando gritos de euforia da plateia. Nem mesmo o mais cínico editor de moda sentado na fila A ficou de fora.
Palmas vindas de todos os lados acompanharam Gisele de cima a baixo. Ela sorriu, acenou, deu aos fãs o que eles queriam. Onze deles foram escolhidos pela marca para acompanhar seus últimos passos.
O desfile que veio a seguir só aumentava a expectativa pela sua última entrada. De saia mídi listrada e top coral, Gisele se emocionou passos antes de sair de cena. Levou a mão ao rosto para esconder as lágrimas.
Ao fim do desfile, Ana Claudia Michels, Luciana Curtis, Carol Ribeiro, Fernanda Tavares, Carol Bittencourt, Aline Weber, Daiane Conterato - tops que acompanharam Gisele durante sua carreira - cercaram a passarela vestindo camisetas com a cara da amiga. Elas foram convidadas pessoalmente por ela para partilhar esse momento.
Bündchen fez sua terceira entrada no desfile de calça jeans desfiada e uma camiseta com sua foto. Em um momento perceptivelmente emocionante para a top, todas as principais pessoas de sua carreira estavam lá - até seu marido, o quarterback Tom Brady, veio acompanhar o último desfile de sua mulher. Tchau, Gisele.
Os desfiles
O terceiro dia de desfiles da São Paulo Fashion Week, que marcou a despedida das passarelas da top brasileira Gisele Bündchen, começou com o barulho de uma onda batendo nas pedras. Ao cair da cortina, revelaram-se, no desfile de Ronaldo Fraga, mulheres de biotipos e idades diferentes: as verdadeiras sereias, entre elas a poeta paranaense Alice Ruiz. Performático e provocativo, o estilista quis questionar os padrões estéticos. “Numa sociedade em que ser gordinha, mais escura ou diferente é pecado, eu quero mostrar a beleza encantadora das sereias. Elas são reais.”
Outra novidade foi o fio biodegradável desenvolvido pela Rhodia e transformado em malha pela Santa Constância. Feito de poliamida, é o primeiro do mundo que se decompõe em três anos – uma malha normal leva 50 anos. Na moda, os destaques foram os couros recortados, nylons crochetados, transparências, saias longas e fluidas, bermudas longas e flores.
Isabela Capeto, que volta ao line-up após quatro anos, mostrou sua coleção no centro da cidade, em evento para 70 pessoas. Sua inspiração também veio do mar – uma homenagem a Iemanjá. Pérolas, búzios e conchas aparecem em roupas e acessórios. O romantismo e a fluidez predominam e trazem leveza.
Em conexão, a marca Alexandre Herchcovitch também foi ao fundo do mar, mas acrescentou elementos japoneses e o comportamento anos 1950. Entre os tecidos estão materiais naturais como algodões, sedas, linho e lã com seda e linho. Peças de alfaiataria ficam femininas com a cintura marcada. No prêt-à-porter os decotes são profundos, o comprimento preferido é midi e vestidos e saias são arrematados com crepes para ficar fluido. A curitibana Karol Conká assistiu ao desfile da primeira fila.
Na sequência, Reinaldo Lourenço lotou um andar da FAAP de celebridades para assistir ao seu desfile. A coleção propõe a subversão dos gêneros com soirée masculino, fraques e smoking. Os sapatos foram desenvolvidos com parceria com a designer Sarah Chofakian. Golas rulê dão um toque à alfaiataria. Tons candy color, transparência e rendas dão um toque feminino. Também desfilaram Lollita, Salinas, Vitorino Campos, João Pimenta e Colcci.