A modernização das centrais telefônicas chegou ao mundo do estelionato. Quadrilhas equipadas e experientes transformaram o roubo de dados por telefone em um esquema profissional. As novas táticas dificultam o trabalho da polícia e exigem cuidado redobrado por parte dos clientes dos bancos.
Foi o que aconteceu a um leitor da Gazeta do Povo, que teve R$ 78 mil roubados de uma conta Premier no HSBC. Por segurança, ele pediu para não ser identificado. Assim como nas centrais telefônicas regulares, os golpistas gastaram tempo com o cliente ao telefone. Transferiram-no de um ramal para o outro e alegaram ser de diferentes setores do banco.
A primeira ligação foi para informar que havia “débitos suspeitos” na conta. O suposto atendente chegou a conferir os dados da conta e informava tanto transações reais, feitas pelo cliente, quanto fictícias.
A vítima ligou para outro telefone, que seria do departamento de segurança do banco. Por fim, foi informado de que seu cartão havia sido bloqueado. Depois, descobriu o rombo na conta. O roubo dos dados ocorreu ao longo de todo o processo, quando os estelionatários pediam ao cliente que confirmasse uma ou outra informação a seu respeito.
Delegado do Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber) da Polícia Civil do Paraná, Demetrius Gonzaga de Oliveira, relata que os golpistas têm se modernizado. “Percebendo que a polícia já dominou o modus operandi, eles começam a se sofisticar e evoluir”, relata.
Uma das táticas é mapear o atendimento telefônico verdadeiro das instituições. O farsante decora a forma de falar, grava a “musiquinha” do banco, simula os setores responsáveis. E depois utiliza os mesmos termos a vocabulário ao conversar com a vítima.
Cuidados
Com a sofisticação dos golpes, o cliente deve estar ainda mais atento para nunca fornecer dados como senha ou token por telefone ou e-mail.
Caso receba uma dessas ligações, o cliente deve entrar em contato imediatamente com a instituição financeira a qual é vinculado. “Tenha o telefone do seu gerente, cobre dele. Ele que corra atrás e descubra se houve [um débito indevido na conta]”, orienta o delegado.
Em nota, o HSBC informou que o caso do leitor “está sendo analisado pelas áreas responsáveis”. O banco reforça que “códigos de ativação, token e assinatura eletrônica fazem parte da autenticação digital do cliente”, e nunca devem ser fornecidos a terceiros. São informações que nunca são solicitadas pelos funcionários do banco.
A Polícia Civil reforçou também que esse tipo de golpe tem sido aplicado a clientes de diversos bancos e por isso todos devem ter cuidado com as informações repassadas.