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Farsantes decoram a forma de falar, gravam a “musiquinha” do banco e simula os setores responsáveis. Parece uma ligação real. | Hugo Harada/Gazeta do Povo/Arquivo
Farsantes decoram a forma de falar, gravam a “musiquinha” do banco e simula os setores responsáveis. Parece uma ligação real.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo/Arquivo

A modernização das centrais telefônicas chegou ao mundo do estelionato. Quadrilhas equipadas e experientes transformaram o roubo de dados por telefone em um esquema profissional. As novas táticas dificultam o trabalho da polícia e exigem cuidado redobrado por parte dos clientes dos bancos.

Outros golpes

A Polícia Civil elenca alguns golpes praticados por estelionatários e orienta sobre as formas de proteção.

Confirmação de dados: o estelionatário liga passando-se por funcionário de uma empresa e pede à vítima que informe alguns dados. As informações são utilizadas para transações comerciais em nome da vítima. Dica: nunca passe seus dados por telefone.

Torpedo premiado: a vítima recebe uma mensagem de celular com a notícia de que ganhou um prêmio. Ao ligar para o número, os estelionatários solicitam um depósito em dinheiro ou em crédito de celular, para que o prêmio seja retirado.

Falso sequestro: por telefone, o golpista diz estar com o filho ou outro parente da vítima e exige dinheiro para soltá-lo. Dica: não se apavore e peça ao suposto “sequestrador” para perguntar a seu filho algo que só ele saiba responder, como o nome do cachorro de infância.

Carro quebrado: o estelionatário telefona fingindo ser um parente ou conhecido que está com o carro quebrado. Para ajudar, a vítima faz um depósito bancário ou em crédito de celular, para ajudar a pagar o seguro ou mecânico.

Bilhete premiado: o golpista oferece um bilhete de loteria que estaria premiado, em troca de dinheiro rápido. A quantia pedida é sempre menor do que o valor do prêmio. Só que o bilhete, na verdade, não tem prêmio nenhum.

Envelope vazio: após fazer uma compra, o estelionatário apresenta um comprovante de depósito bancário. Só que o envelope do depósito está vazio, sem dinheiro. Dica: confirme junto à instituição financeira se o valor foi depositado na conta.

Falsa casa de praia: o golpista anuncia uma casa de praia com preço baixo. Para alugar, exige o depósito de um sinal em dinheiro. Ao chegar no endereço, a vítima descobre que a casa não existe ou não pertence ao golpista. Dica: alugue imóveis junto a um corretor.

Foi o que aconteceu a um leitor da Gazeta do Povo, que teve R$ 78 mil roubados de uma conta Premier no HSBC. Por segurança, ele pediu para não ser identificado. Assim como nas centrais telefônicas regulares, os golpistas gastaram tempo com o cliente ao telefone. Transferiram-no de um ramal para o outro e alegaram ser de diferentes setores do banco.

A primeira ligação foi para informar que havia “débitos suspeitos” na conta. O suposto atendente chegou a conferir os dados da conta e informava tanto transações reais, feitas pelo cliente, quanto fictícias.

A vítima ligou para outro telefone, que seria do departamento de segurança do banco. Por fim, foi informado de que seu cartão havia sido bloqueado. Depois, descobriu o rombo na conta. O roubo dos dados ocorreu ao longo de todo o processo, quando os estelionatários pediam ao cliente que confirmasse uma ou outra informação a seu respeito.

Delegado do Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber) da Polícia Civil do Paraná, Demetrius Gonzaga de Oliveira, relata que os golpistas têm se modernizado. “Percebendo que a polícia já dominou o modus operandi, eles começam a se sofisticar e evoluir”, relata.

Uma das táticas é mapear o atendimento telefônico verdadeiro das instituições. O farsante decora a forma de falar, grava a “musiquinha” do banco, simula os setores responsáveis. E depois utiliza os mesmos termos a vocabulário ao conversar com a vítima.

Cuidados

Com a sofisticação dos golpes, o cliente deve estar ainda mais atento para nunca fornecer dados como senha ou token por telefone ou e-mail.

Caso receba uma dessas ligações, o cliente deve entrar em contato imediatamente com a instituição financeira a qual é vinculado. “Tenha o telefone do seu gerente, cobre dele. Ele que corra atrás e descubra se houve [um débito indevido na conta]”, orienta o delegado.

Em nota, o HSBC informou que o caso do leitor “está sendo analisado pelas áreas responsáveis”. O banco reforça que “códigos de ativação, token e assinatura eletrônica fazem parte da autenticação digital do cliente”, e nunca devem ser fornecidos a terceiros. São informações que nunca são solicitadas pelos funcionários do banco.

A Polícia Civil reforçou também que esse tipo de golpe tem sido aplicado a clientes de diversos bancos e por isso todos devem ter cuidado com as informações repassadas.

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