Golpistas se aproveitam do momento de fragilidade de quem tem familiares internados em hospitais, geralmente em estado grave, para tentar extorquir dinheiro via telefone. Na semana passada, um dos casos mais recentes registrados em Curitiba e Região Metropolitana ocorreu com parentes de pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) do Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul. Mas há registro de golpes em outros hospitais da capital, como o Santa Cruz (leia mais no box).
O esquema do golpe é semelhante em vários casos: os criminosos fingem ser médicos e entram em contato por telefone com familiares das vítimas. Eles pedem que seja feito um depósito bancário como condicionante para que o hospital possa seguir com o tratamento. O detalhe é que se a situação é tratada via saúde pública, como era o caso do Caron, não é realizada cobrança alguma. Além disso, médicos não telefonam para fazer qualquer tipo de cobrança.
O delegado Wallace de Oliveira Brito, da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (Dedc), afirma que três boletins de ocorrência foram abertos para apurar crime desse gênero em Curitiba. O número de vítimas tende a ser maior. “É um crime recente, que data de uns três anos atrás, e que existe em todos os estados. Muitas pessoas que são vítimas não procuram a polícia, o que nos impede qualquer investigação”, afirma Brito.
Cuidados e providências
Ele explica que quem receber qualquer telefonema solicitando cobranças por procedimentos médicos ou remédios deve, primeiramente, checar as informações pessoalmente no hospital. Depois a pessoa deve procurar a polícia para fazer a denúncia. “Tudo o que foge dos padrões normais deve ser analisado com calma, sem imediatismo. Médico não cobra o procedimento por telefone. Além disso, a conta a ser depositada não seria de uma pessoa física e sim do próprio hospital”, alerta o delegado. Nestes golpes a conta informada pelo estelionatário para o valor ser depositado geralmente é de uma pessoa física.
Além disso, Brito apura como os criminosos conseguem ter acesso a dados do paciente e da família, uma vez que ao ligar para a vítima algumas informações, como nome do paciente, familiar, tipo de doença, hospital e tipo de leito que o paciente está internado são enunciadas pelos golpistas. O delegado afirma que os criminosos se organizam para conseguir, na maior parte das vezes, nomes de profissionais que realmente atuam nas instituições. “É possível que exista informação privilegiada que parte dos funcionários do hospital. A recomendação é não fazer depósitos antecipados quando a cobrança é por telefone”, afirma. Geralmente, a conta informada pelos criminosos pertence a um laranja e é fechada após o montante ser depositado.
O ouvidor do Hospital Angelina Caron, Ari Feijó, afirma que esses golpes se alastram cada vez mais e que ocorrem porque os criminosos se aproveitam da fraqueza dos familiares. “A família já está fragilizada e ao receber uma ligação dessas acaba, muitas vezes, depositando o valor pedido”, conta. “Não são realizadas cobranças por telefone. E se for SUS [Sistema Único de Saúde], todo custo é pago pela saúde pública. Os criminosos agem de maneira covarde”, complementa Feijó. Segundo ele, na mesma semana relatos de golpes também ocorreram em Paranaguá e na Região Metropolitana de Curitiba.