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paralisação na bahia

Governador acusa PMs por saques e mortes

Salvador - O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse ontem acreditar na participação de policiais militares grevistas em homicídios e saques ocorridos em Salvador nas últimas horas. "Parte dos crimes pode ser parte da operação montada, da tentativa de criar um clima de desespero na população para fazer o governo sucumbir, uma tentativa de guerra psicológica, como ocorreu recentemente em outros estados, como o Maranhão e o Ceará", disse. "Não tenho dúvida que parte de tudo isso é cometido por ordem dos criminosos que se autointitulam líderes do movimento."

Com a PM em greve, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia já registrou 59 assassinatos entre terça-feira (dia da decretação da greve) e ontem de manh㠖 84% a mais do que nos mesmos dias da semana passada – na região metropolitana de Salvador. Destes, 28 ocorreram na última sexta-feira. A 59.ª vítima foi um policial civil, executado com 15 tiros dentro do próprio carro enquanto aguardava a mulher sair de uma consulta médica.

No quinto dia de paralisação, Salvador assistiu a novas ações criminosas na madrugada, apesar da presença do Exército e da Força Nacional de Segurança nas ruas. Quinze bandidos saquearam uma loja de móveis na Rua Estrada das Barreiras. Todos os produtos foram retirados e, logo depois, eles atearam fogo no local

Outra ocorrência registrada foi em um supermercado. Os vidros foram destruídos, o local foi invadido e as mercadorias, roubadas. Desde quinta-feira, houve pelo menos 20 saques a lojas, supermercados e até a caminhões de cerveja. As mortes e os saques se concentram em bairros populares.

Segundo o governo, a greve abrange 10 mil policiais (cerca de 2/3 do efetivo de 32 mil PMs). Os grevistas afirmam que quase a totalidade dos praças e sargentos está parada. Como não reconhece a Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra), entidade que lidera a greve, o governo negocia com associações que não pararam. Os PMs pedem incorporação da gratificação ao salário.

Bunker

A temperatura da greve subiu na noite de sexta após o governador anunciar, na tevê, que a Justiça mandou prender 12 pessoas ligadas à greve. Armados e dizendo-se dispostos a reagir à bala em caso de invasão, os PMs transformaram a Assembleia Legislativa da Bahia, onde estão acampados, em um bunker. Os líderes grevistas se isolaram em uma sala da Assembleia, sob proteção de um grupo de policiais, enquanto o restante do contingente grevista, pelo menos 500 pessoas, permaneceu no pátio da Casa.

O presidente da Aspra, Marco Prisco, deixou de circular pelo prédio e veste um colete à prova de balas. "O governo sabe que 99% de nós estamos armados. Se tentarem uma invasão, haverá um banho de sangue", disse um dos grevistas sob condição de não ser identificado.

Os manifestantes não invadiram gabinetes nem depredaram a estrutura. O presidente na Assem­bleia, Marcelo Nilo (PDT), disse que concordou com a presença dos grevistas após ter garantias de que não haveria depredações.

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