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Família foge da enchente em Blumenau, cidade que registrou a maioria dos mortos por soterramento neste fim de semana | Luciano Moraes/RBS
Família foge da enchente em Blumenau, cidade que registrou a maioria dos mortos por soterramento neste fim de semana| Foto: Luciano Moraes/RBS

Cidade submersa

Fundada em 1850 por imigrantes alemães, Blumenau já registrou dezenas de enchentes. Confira as piores:

1862 – Primeiro registro de uma grande enchente na cidade, com o Rio Itajaí-Açu subindo 9 metros acima do nível normal.

1880 – Na maior enchente já registrada, o rio sobe 17,1 metros. Pela primeira vez, os governos provincial e imperial intervêm.

1911 – A tragédia de 1880 se repete e discutem-se obras de contenção das águas.

1927 – Apesar da criação de um sistema de informações que monitorava as nascentes e afluentes do Itajaí-Açu, a população não tem muito acesso aos relatórios e é novamente afetada.

1957 – Só nesse ano ocorrem quatro enchentes; em uma delas, o rio subiu 13 metros.

1983 – A enchente dura 31 dias e os prejuízos somam US$ 1,1 bilhão.

1984 – Poucos meses depois da cheia de 1983, vem outra enchente ainda pior. Para reerguer a cidade, é criada a Oktoberfest.1992 – O Rio Itajaí-Açu volta a subir quase 13 metros.2001 – Na última grande enchente registrada no município, as águas sobem 11 metros acima do nível normal.

Viagens de ônibus entre Curitiba e Blumenau estão suspensas

A Viação Catarinense cancelou ontem quatro partidas de ônibus da empresa rumo a Blumenau, e todas as saídas de hoje também estão suspensas, informaram funcionários que trabalham no guichê da Rodoferroviária de Curitiba. As únicas exceções são as linhas que apenas fariam paradas em Blumenau; neste caso, os passageiros que desceriam na cidade não embarcaram e os ônibus fizeram apenas as escalas previstas em outros municípios.

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Chuvas causam morte em Guaratuba

As chuvas no fim de semana causaram uma morte e trouxeram estragos a três municípios do litoral paranaense. A madrugada de ontem foi o período mais crítico para os moradores da região. Segundo o coronel Washington Rosa, secretário-chefe da Casa Militar, foram registrados 45 pontos de alagamento em Paranaguá, Balneário de Pontal do Sul e Guaratuba. Até o fim da tarde de ontem, ele calculava 200 desabrigados em toda a região.

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  • Joinville, também afetada pela enchente, seria reabastecida com helicópteros ontem

Os estragos provocados pelas fortes chuvas que atingem Santa Catarina há dois meses e se intensificaram nos últimos dias levaram o governador, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), a decretar situação de emergência na tarde de anteontem. O decreto é válido por 180 dias. O número de mortos e desalojados aumenta a cada hora. Até o início da noite de ontem, a Defesa Civil do estado havia contabilizado a morte de pelo menos 20 pessoas, sendo 19 por soterramento e uma por acidente de trânsito seguida de afogamento. Mais de 16 mil pessoas estão desalojadas ou desabrigadas.

Ao todo, cerca de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas pelas chuvas em 30 municípios. As regiões mais afetadas são o Vale do Itajaí e o litoral. Durante reunião na manhã de ontem, no Departamento Estadual de Defesa Civil, o diretor do órgão, major Márcio Luiz Alves, afirmou que o efetivo trabalha com a possibilidade do pior cenário possível. Quatro municípios estão totalmente isolados: Rio dos Cedros, Pomerode, Itapoá e Benedito Novo.

A maioria de mortes por desabamento ocorreu em Blumenau. A prefeitura local solicitou aos empreiteiros que coloquem à disposição da comunidade equipamentos úteis no auxílio às pessoas desabrigadas e em situação de risco na cidade. Segundo a Defesa Civil, há 500 desalojados e 75 desabrigados em Blumenau. No fim da manhã de ontem, o nível do Rio Itajaí-Açu estava 10,52 metros acima do normal e o transbordamento já atingia 62 ruas. O estado de alerta é acionado quando o nível do rio passa de 8 metros.

Força-tarefa

O governador do Paraná, Roberto Requião, anunciou ontem o envio de uma força-tarefa para auxiliar no socorro às vítimas das enchentes que atingem Santa Catarina. O efetivo de 140 homens reúne Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental, Companhia de Choque e Defesa Civil. Embarcações, dois helicópteros e uma aeronave também auxiliarão nos trabalhos, e o socorro inclui kits de roupas, cestas básicas, colchões e lona.

O coronel Washington Rosa, secretário-chefe da Casa Militar, disse que a força-tarefa do Paraná tem a missão de socorrer os municípios catarinenses mais atingidos pelas chuvas, mas segue primeiramente até Itajaí, onde receberá as orientações do comando da Defesa Civil do estado de Santa Catarina. "Não deixaremos o litoral do Paraná descoberto. Destacamos pessoal que estava em folga, de licença, sem contar que a situação no Paraná já atinge os níveis de normalidade", disse.

Além de pedir auxílio a Requião, o governador de Santa Catarina também acionou os governos do Rio Grande do Sul e federal. Os gaúchos providenciaram um depósito com colchões, cobertores e travesseiros, que já estão sendo transportados. O governo federal também está contribuindo com o envio de mais colchões, cobertores, alimentos, medicamentos e matérias de limpeza. Dois aviões C-130 Hércules foram oferecidos pela Aeronáutica para fazer o transporte dos suprimentos, caso seja necessário. O Exército está enviando dois helicópteros para reabastecer Joinville e, ainda ontem, tentaria o reconhecimento das áreas afetadas de Blumenau. O governo federal ainda colocou o Ministério da Integração Nacional à disposição do estado de Santa Catarina, e o secretário nacional de Defesa Civil, Roberto Costa Guimarães, deveria chegar ainda ontem a Florianópolis para verificar a situação das vítimas.

A previsão dos meteorologistas é de que a chuva em Santa Catarina continue até a manhã de quarta-feira, mas com menor intensidade do que a registrada nos últimos dois dias. Nas regiões da Grande Florianópolis, médio e baixo Vale do Itajaí e litoral norte do estado, o nível previsto de chuva até quarta-feira é entre 40 e 60 milímetros. Nas últimas 24 horas, choveu entre 200 e 300 mm nestas regiões.

Algumas regiões da Grande Florianópolis ficarão sem água hoje, segundo a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), por conta dos problemas causados pelo excesso de chuvas dos últimos dias. Além de áreas de Florianópolis, inclusive da parte continental da capital, ficariam desabastecidos entre as 20 horas de ontem e as 8 horas de hoje os municípios de São José e Biguaçu. Das 8 horas às 20 horas de hoje, o racionamento de água atingirá Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz e a região central de Florianópolis.

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