O governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), alertou que a greve dos policiais militares na Bahia mostra que os estados estão sentados "num barril de nitroglicerina", numa referência ao risco que ao estado democrático de direito no país. Déda revelou que há uma preocupação dos governadores que passaram a conversar depois desses primeiros episódios em vários estados. Ele afirmou que nesses conflitos, a sociedade se transforma na grande refém e disse que está na hora de se discutir um novo modelo para a segurança pública no país.
"Os estados estão sentados num barril de nitroglicerina que ameaça o estado democrático de direito no Brasil. É preciso abrir uma agenda de diálogo no país para pensar um novo modelo para a segurança pública", disse. "As atuais instituições criadas pela Constituição precisam ser reavaliadas, inclusive os seus papéis e suas atribuições. Os militares querem ter os direitos dos civis, sem abrir mão do caráter militar das instituições".
Para o governador, parte desses movimentos tem origem em projetos políticos e eleitorais de grupos e associações de policiais militares. Ele alerta ainda que as anistias recentes a movimentos grevistas da categoria ajudaram a incentivar novas greves. E adverte que há um ação coordenada em todo o país para incentivar as greves, numa mobilização pela aprovação da PEC 300, que estabelece um piso nacional de policiais militares e bombeiros.
"Há um grau de politização desses movimentos grevistas, inclusive com interesses partidários e eleitorais. Vários desses líderes são candidatos. Também há por trás disso uma mobilização nacional pela aprovação da PEC 300. As associações de policiais se transformaram num poder paralelo de comando dos PMs. E nesse conflito, a sociedade se torna a grande refém", alertou Marcelo Déda.
Ele lembrou que há duas semanas, na prévia das comemorações do Carnaval conhecida como Pré-Caju, uma parte do efetivo ameaçou entrar em greve. E que cerca de 900 policiais militares não compareceram à convocação para atuar no evento. E que outros 400 policiais apresentaram atestado de doação de sangue para justificar a ausência. Na ocasião, houve três homicídios por arma branca, no evento que contou com 1 milhão de pessoas.
"A população é que vai pagar com a vida e com o seu patrimônio por esses movimentos. Se não for discutido um novo modelo para a segurança pública, não sei onde isso vai parar. Esse movimento pode virar um rastilho de pólvora", disse.
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