Reforço parlamentar - Costa pode reassumir mandato
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, admitiu ontem que pode retornar ao Senado e reassumir seu mandato parlamentar. Indiretamente, ele sinalizou ainda que estaria disposto a enfrentar uma eventual disputa à sucessão do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que pediu licença do cargo de presidente da Casa por 45 dias.
"Eu, onde puder ajudar o governo do meu presidente (Luiz Inácio Lula da Silva), que já me honrou muitíssimo me convidando para ser ministro, estou inteiramente às ordens", disse ele depois de participar da cerimônia de abertura do Congresso de Segurança da Informação e Comunicação, no Palácio do Planalto.
Costa disse que a possibilidade de voltar ao Senado está associada à necessidade do governo aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prorroga a cobrança da CPMF até 2011. Costa repreendeu seu suplente Wellington Salgado (PMDB-MG) que integra a tropa de choque em defesa de Renan caso ele pretenda votar contra a CPMF.
Rio Para atrair os votos da oposição e aprovar a prorrogação da CPMF até 2011 no Senado, o governo dá sinais de que no futuro poderá propor a redução da alíquota da contribuição. Qualquer alteração agora no texto original da PEC obrigaria o projeto a voltar à Câmara, o que atrasaria a votação. Mas tanto o presidente em exercício, José Alencar, quanto o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, admitiram ontem mudanças na cobrança do imposto.
Alencar se encontra hoje com lideranças da oposição e da base aliada no Senado para discutir a prorrogação da CPMF. Na posse da nova diretoria da Federação da Indústria do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) ontem, Alencar afirmou que a redução da alíquota pode ser discutida durante a reunião que será organizada pelo senador Tião Viana (PT-AC), presidente interino do Senado.
"O que se pode negociar, provavelmente, seja uma coisa (redução da CPMF) mais para a frente, com o compromisso seguro de ser cumprido", disse Alencar. Ele afirmou que não é mais possível mudar o projeto aprovado na Câmara, sob risco de perder parte da arrecadação da CPMF prevista para 2008.
"Se houver qualquer mudança no que foi aprovado, o projeto tem que voltar à Câmara, e não dá mais tempo de aprovar neste ano. O que vale dizer que, mesmo aprovado no início do ano, só teríamos condições de fazer prevalecer depois de três meses. Isso não é bom porque retira do Orçamento uma parcela igual a um quarto do que a CPMF representa, coisa de quase R$ 40 bilhões no ano. Estaremos subtraindo R$ 10 bilhões, que estarão fazendo falta na saúde pública, educação, saneamento básico, estradas", disse o vice-presidente.
Já Mares Guia afirmou que o governo não tem plano B caso a CPMF não seja aprovada. Segundo ele, o governo não pode abrir mão de R$ 40 bilhões, mas está disposto a apresentar projeto de lei no começo de 2009 para a redução gradual da alíquota do imposto. "Não temos folga de R$ 40 bilhões para abrir mão da CPMF, mas colocamos na PEC um artigo que não existia e que permite ao governo por meio de um projeto de lei, portanto, compartilhado com o Congresso, abaixar alíquota."
Mas os partidos de oposição no Senado não estão dispostos a aceitar a proposta do governo para acelerar a tramitação da PEC. DEM e PSDB prometem seguir o cronograma da relatora da matéria, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), para retardar ao máximo a votação da PEC.
"Acho mais fácil a Gisele Bündchen querer casar comigo e a minha mulher concordar (que agilizar a tramitação da PEC). Nosso cronograma é seguir a relatora", disse o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM).
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