O Ministério da Saúde aumentou o número de grupos que têm direito à vacina gratuita contra hepatite B pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Antes restrita a recém-nascidos, crianças, adolescentes com até 19 anos e homossexuais homens, agora podem ser imunizados os profissionais que exercem atividades de risco (em contato com fluidos e sangue, as principais vias de transmissão do tipo B da doença), como manicures, pedicures, tatuadores e podólogos, além de gestantes, mulheres que fazem sexo com outras mulheres, travestis, portadores de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e populações de assentamentos e acampamentos. Os locais onde serão ofertadas as doses também foram ampliados são 60 mil novos pontos de vacinação. Até então, só era possível obter o imunizante em centros de referência.
A medida, que pretende prevenir o aumento do número de casos da doença, que ataca o fígado e pode causar câncer a partir de lesões no órgão, aumentou a demanda por doses da vacina foram 18 milhões a mais, além das 15 milhões encomendadas todos os anos ao Instituto Butantã, em São Paulo. "Estamos aumentando gradativamente a população atendida e a ideia é tornar a vacinação universal", afirmou Ricardo Gadelha, coordenador de hepatites virais do Ministério da Saúde. Atualmente, há vacina para dois tipos de hepatite, A e B, mas apenas a segunda está disponível via SUS. A primeira só pode ser adquirida em clínicas particulares. Para os demais tipos, C, D e E, não há imunizante.
Kit próprio
Cientes da maior exposição à doença por causa da profissão, pedicures e manicures já começam a adotar procedimentos que ajudam a evitar o contágio. Além da vacina, que em muitos locais já é pré-requisito para a contratação, a esterilização dos instrumentos de trabalho, como alicates de cutícula e espátulas, tornou-se obrigatória, com direito a perguntas dos próprios clientes. No Salão Marly, no Batel, com 90 manicures cada uma dona de cerca de 25 alicates há uma sala própria para esterilização, onde os instrumentos são lavados com água e sabão e esterilizados em uma estufa a 170°C, por uma hora, após cada uso.
Por enquanto, o maior desafio é fazer com que cada cliente traga seu kit individual, com toalha própria, espátula, algodão e esmalte. "A maioria não traz, mas aqui tudo é individual. E eu sempre lavo as mãos após cada atendimento, e também uso álcool 70", garante a manicure Elenilda Martins. Já a colega Laís Silva confessa: "Com a correria, nem sempre dá para lavar as mãos. Mas eu me cuido para não tirar bife e sempre troco as toalhas".