Há dez meses o governo do Paraná não paga à empresa Guaporé Equipamentos o aluguel de dez contêineres usados como módulos das Unidades Paraná Seguro (UPS). A dívida acumulada desde outubro de 2014 soma R$ 200 mil.
A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) garante que o atraso não compromete os serviços prestados nas UPS. A Guaporé prefere não tocar no assunto. Ela começou a alugar equipamentos ao governo do Paraná em 2004 e desde então já firmou R$ 1,3 milhão em contratos.
Além da Sesp, a empresa também fornece contêineres refrigerados para o Fundo Estadual de Saúde. A Sesp informou que está elaborando junto com a Secretaria da Fazenda um cronograma para o pagamento.
“A intenção é que haja, inclusive, renovação do contrato firmado com a empresa, enquanto se estudam mudanças pontuais e a substituição do espaço atualmente utilizado por casas ou outros imóveis”, diz a Sesp em nota, que descarta a hipótese de desativação de qualquer UPS.
Esperança e frustração
As unidades foram anunciadas em 2012 pelo governo Beto Richa como a principal política de segurança pública do Paraná. O programa ganhou publicidade, mas foi perdendo fôlego.
O atraso do aluguel é só um indicador disso, associado à infraestrutura precária e à escassez de policiais nessas unidades. Há um ano, a Gazeta do Povo mostrava que oito das dez UPS de Curitiba não passam de uma base com um policial militar dentro enquanto uma viatura patrulha os arredores.
O repórter Felippe Aníbal visitou as dez UPS de Curitiba. Em seis delas, o quadro era o mesmo: funcionam em módulos brancos – de chapas de aço revestidas – assemelhados a contêineres.
Na maioria dos casos, os poucos móveis foram levados dos batalhões da PM, pelos próprios policiais ou doados pela comunidade. Tem até UPS sem telefone, caso da Vila Osternak. Contato com a companhia da PM, só mesmo por um rádio comunicador.
Outras quatro UPS até funcionam em prédios de alvenaria, mas duas delas sofrem com a estrutura precária e a falta de efetivo. O reflexo disso está nas estatísticas.
Passado o impacto do lançamento das unidades, os índices de criminalidade nas áreas de abrangência do programa voltaram a subir. Essa, contudo, não é a leitura da Sesp, que inclusive faz uma análise positiva da iniciativa.
Visão otimista
O programa previa inicialmente dez unidades de policiamento comunitário, expandidas para as atuais 14 – dez em Curitiba, duas na região metropolitana (Colombo e São José dos Pinhais) e duas no interior (Cascavel e Londrina).
“Agora, o governo do estado tem intensificado as atividades da UPS Cidadania nessas localidades, com ações educativas, atividades de lazer, esporte e outras voltadas ao resgate da cidadania”, enfatiza a Sesp. Mas as UPS não têm dado conta sozinhas.
“São diversas as ações que devem ser desencadeadas para combater a criminalidade, dependendo do momento, do planejamento estratégico e da localidade”, diz a Sesp em nota. E a secretaria menciona o projeto dos 100 módulos móveis policiais que estão rodando nas maiores cidades do estado.
“Os módulos, como o próprio nome sugere, permitem uma mobilidade maior para que o policiamento chegue a diversas localidades, sempre que necessário, sendo também importante para utilização em grandes eventos culturais ou esportivos”, pontua a Sesp.
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