O governador Roberto Requião autorizou ontem a construção de uma nova penitenciária em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. A intenção do governo é colocar na unidade detentos provisórios que estão nos distritos policiais da capital, onde há superlotação. Ela terá capacidade para 960 presos. O anúncio ocorreu durante a reunião da operação Mãos Limpas, quando o secretário Jair Ramos Braga, da Justiça, também divulgou a reforma da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, unidade que abriga 1.493 presos.

CARREGANDO :)

O pacote estadual para ampliar o sistema carcerário, lançado em 2003, prevê investimentos totais R$ 111 milhões. Alguns projetos anunciados anteriormente, porém, nem saíram do papel. São os casos das unidades de Cruzeiro do Oeste e de Jacarezinho (Norte Pioneiro), onde as construções não têm data prevista para iniciar. As unidades de Londrina, Francisco Beltrão e Maringá, que deveriam ser inauguradas nos primeiros meses do ano, também estão com obras em atraso.

Rejeição

Publicidade

Em Jacarezinho, antes mesmo de sair do papel, a penitenciária já mexeu com a população da cidade de cerca de 40 mil habitantes. Enquanto os moradores discutem pelo sim ou não ao presídio, o governo do estado aguarda a doação de um terreno da prefeitura para apresentar o projeto à União, que deve financiar cerca de 80% da obra.

Quem é contra à construção da penitenciária em Jacarezinho alega que um presídio poderia representar o aumento da criminalidade, com riscos de fugas e rebeliões. Já os defensores da construção enxergam na obra a possibilidade da geração de empregos e de fortalecimento da economia.

O presidente da Câmara de Vereadores, José Izaías Gomes (PMDB), acredita que o Centro de Detenção e Ressocialização vai trazer benefícios à cidade. "O município vai receber recursos do governo federal, a penitenciaria vai gerar empregos e ficará 15 quilômetros distante da cidade", avalia. Já o aposentado Valter Dolen Rosa não vê vantagens na instalação. "Os políticos dizem que a cidade vai crescer com a penitenciária, mas a única coisa que vai crescer é a violência", opina. Opinião parecida tem o advogado Ricardo Dalle. Ele defende que o dinheiro da prisão deveria ser investido em educação.

Em Cruzeiro do Oeste, a prefeitura já disponibilizou um terreno de 4,2 mil metros quadrados, na Vila Brasil, para a construção da penitenciária. O prefeito José Carlos Becker de Oliveira e Silva, o Zeca Dirceu, diz que a movimentação financeira que a obra trará para a cidade levou a comunidade a ver com bons olhos o empreendimento. Ele acredita que serão gerados em torno de 200 empregos diretos com a construção e haverá estímulo em outros setores da economia regional. Moradores da Vila Brasil dizem que os terrenos no bairro valorizaram até 500%.

Segundo a Secretaria da Justiça e da Cidadania, o processo da obra de Cruzeiro do Oeste está no Ministério da Justiça, dependendo de liberação para o lançamento da licitação. A verba destinada será repassada pelo governo federal, por intermédio da Caixa Econômica Federal, cabendo ao estado uma contrapartida.

Publicidade