Depois de irritar feministas, causar desconforto dentro do próprio governo e ser modificada para tentar reduzir a polêmica, a medida provisória que cria o cadastro de acompanhamento de gestantes perderá validade nesta terça-feira. O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), avisou que o texto não será colocado em votação. Com o desfecho, o governo tenta agora encontrar alternativas para manter um programa contido na MP - e defendido pelo Ministério da Saúde - o auxílio de R$ 50 para deslocamento da gestante às consultas de pré-natal.
O assunto vem sendo discutido na Casa Civil, com representantes da Saúde e da Secretaria de Políticas para Mulheres. Uma das alternativas seria incluir o benefício no texto de projetos que já estão em discussão no Congresso. Outra saída seria revogar a MP antes de ela caducar. Isso permitiria que o governo apresentasse uma nova MP prevendo o mesmo benefício - sem o risco do ressurgimento da polêmica do cadastro das gestantes.
O auxílio deslocamento já vem sendo concedido a 1.291 gestantes cadastradas. Para essas mulheres, as parcelas do recurso estão garantidas. Mas o governo quer que o benefício seja estendido, uma medida que, avaliam, ajudaria a garantir a adesão das gestantes ao pré-natal.
Publicada pela primeira vez no dia 28 de dezembro, a MP causou turbulência entre feministas por dois motivos. O cadastro de gestantes poderia colocar em risco mulheres que, depois das primeiras consultas do pré-natal, decidissem pela interrupção da gravidez. O texto ainda falava do direito dos nascituros, esquecendo-se da garantia do direito ao aborto nos casos de risco de vida para a mãe ou quando a gravidez é resultado de estupro.
Críticas
A medida causou mal-estar no próprio governo. "Pode parecer paranoia, mas não é", afirmou no início do ano Elizabete Saar, então gerente da Secretaria Especial das Mulheres. Em audiência do Conselho Nacional de Saúde (CNS), ela observou que, diante do conservadorismo do Congresso, o texto pode levar a uma discussão desnecessária.
"Era levantar uma lebre. Abrir uma brecha para que a ala conservadora, que estava relativamente quieta, novamente se manifestasse", diz Lurdinha Rodrigues, da Liga Brasileira de Lésbicas.
Diante da polêmica, o governo revogou a primeira versão em janeiro e, em um segundo texto, retirou o direito dos nascituros. Nas palavras do ministro da Saúde, Alexandre Padilha a alteração colocava um fim em um mal-entendido sobre o assunto.
O descontentamento persistiu e movimentos feministas continuaram lutando contra a MP. Um grupo destacado pelo conselho para avaliar a MP também manteve posição contrária à medida - batizada de "famigerada" por Maria do Espírito Santo Tavares dos Santos, do CNS. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
Com Ramagem como único com foro no inquérito do golpe, juristas questionam julgamento no STF
Lira sobe o tom contra “tentativa de criminalizar” discursos de deputados e pressiona PGR
Podcast analisa o julgamento sobre o Marco Civil da Internet no STF
A maior ambição do pacote de improvisos do governo está na eleição de 2026
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião