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Irritado com a postura dos grevistas, o governo federal decidiu aplicar uma "punição exemplar" aos policiais rodoviários federais que colocaram uma placa permitindo passagem livre para tráfico de drogas e armas na Via Dutra na terça-feira. O Palácio do Planalto vai abrir processo de investigação que pode resultar na demissão dos envolvidos. Na avaliação do governo, o caso é ainda mais grave do que o das operações realizadas nas fronteiras e, se não houver punição, a situação pode sair do controle. A avaliação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é de que os policiais rodoviários podem fazer manifestações, mas não usar seu cargo de forma abusiva para conseguir ganhos salariais.

De braços cruzados desde segunda-feira (20), os agentes da PRF querem a equiparação com os agentes da Polícia Federal (PF) - o salário inicial passaria de R$ 5,8 mil para R$ 7,5 mil. Reni Rocha, vice-presidente do sindicato da categoria no Distrito Federal, informou que, ontem, pelo menos 15 agentes colocaram cargos de chefia à disposição de seus titulares no Distrito Federal como protesto.

"Nesta quinta-feira (23), haverá uma reunião com o governo. Se não houver uma proposta, vamos estender a greve para todo o País", avisou o sindicalista.

Na quarta-feira (22), o governo divulgou o detalhamento do corte do ponto, que atingiu 11.495 servidores do Executivo que fizeram paralisações ao longo do mês de julho. O número corresponde a 2% dos 571,8 mil funcionários em atividade. Foram afetados, principalmente, trabalhadores das administração indireta (em órgãos como agências reguldoras e autarquias), com 8.079 pessoas que cruzaram os braços por um ou mais dias no mês passado. Diante da medida, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) anunciou que vai entrar com pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o corte integral.

O valor total dos descontos dos parados soma R$ 20,6 milhões, segundo o Ministério do Planejamento. O maior corte se deu no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde 3.379 servidores do órgão fizeram greve por um ou mais dias em julho. A mobilização impediu, inclusive, a divulgação completa da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) no mês passado, que saiu sem informações do Rio.

Para grevistas, governo foi radical

Segundo a Condsef, em greves anteriores, o corte se referia a, no máximo, sete dias, mas desta vez há servidores que estão com os contracheques zerados. A confederação defende que o governo deveria negociar reposições, em vez de adotar medida tão radical. O Ministério do Planejamento informou que essa possibilidade está prevista apenas para professores das universidades federais, que já fecharam acordo com o governo. Os reitores deverão entregar ao Ministério da Educação, até o próximo dia 31, um plano de reposição das aulas.

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