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O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), afirmou que o governo cortou a verba publicitária à Jovem Pan por uma suposta “propagação de fake news” seguindo um entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU).
A emissora foi excluída das primeiras ações publicitárias do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no ano passado, em que a Secom justificou a decisão com base em normativos e estudos técnicos apresentados pelas agências de publicidade, levando em consideração a audiência, segmento, cobertura, entre outros parâmetros.
No entanto, Pimenta agora se aprofundou na explicação, justificando o corte às supostas "fake news", principalmente após os atos de 8 de janeiro de 2023, em que foi aberta uma investigação específica contra a Jovem Pan.
“Não foi por uma decisão política, existe uma recomendação do TCU, a partir de um encaminhamento sobre veículos que propagavam fake news. Portanto nós simplesmente seguimos a orientação e a regra dessa recomendação de evitar a vinculação de conteúdo”, disse em entrevista à Folha de São Paulo publicada nesta quinta (14).
No entanto, apesar de justificar o corte ao entendimento do TCU, Pimenta afirmou que “não há uma vedação, há uma recomendação, uma orientação” ao justificar o pagamento de R$ 90 mil para veicular uma campanha publicitária em dezembro de 2023.
A Jovem Pan foi procurada pela Gazeta do Povo para comentar as afirmações de Pimenta, mas informou que não vai se pronunciar.
Ao longo dos quatro anos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Jovem Pan recebeu R$ 18,8 milhões em contratos publicitários da Secom, em anúncios envolvendo bancos e estatais, como a Petrobras.
Além da perda de verba oficial, a Jovem Pan perdeu a monetização de vídeos no YouTube por supostas violações das políticas contra a desinformação, e ainda passou a ser alvo de uma ação do Ministério Público Federal (MPF) que pede a cassação das concessões públicas.
O órgão ainda orientou a União a instaurar um processo administrativo que pode tornar a emissora “inidônea” para contratos com o governo federal.