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O governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) admitiu nesta terça-feira que a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) pode retirar uma quarta quota do volume morto do sistema Cantareira, que abastece 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo e é o mais afetado pela crise hídrica. O volume morto é uma reserva de água que fica em pontos isolados dos reservatórios que formam o sistema e que precisa ser bombeada porque está abaixo dos canos de captação utilizados pela Sabesp.

O volume útil do sistema Cantareira, aquele que não precisa de bombeamento para entrar no sistema de distribuição da Sabesp, tem 982 bilhões de litros de água. Ainda no ano passado, estudo técnicos identificaram outros 500 bilhões de litros que formavam o volume morto. Nem toda essa água, porém, pode ser captada. A Sabesp recebeu autorização para retirar 182,5 bilhões de litros, a primeira quota, em maio. Em outubro, começaram a ser captados outros 106 bilhões de litros — essa segunda quota ainda está sendo utilizada.

Técnicos do governo ainda estudam como retirar do manancial a terceira reserva técnica, cerca de 41 bilhões de litros que seriam bombeados do reservatório Atibainha. Embora diga que não pretende utilizar essa terceira quota, o governador Alckmin já admitiu que ela pode começar a ser captada durante o inverno. Sobrariam, então, 170 bilhões de litros de água espalhados por seis represas e em diferentes níveis topográficos. Em outubro, o diretor-presidente da Agência Nacional das Águas (ANA), Vicente Andreu, se referiu a essa reserva como misturada ao "lodo".

"Isso [o quarto volume morto] é estudo ainda da Sabesp. Precisamos esperar para ser concluído. Mas, nós não pretendemos usar nem a terceira reserva técnica a não ser no inverno, se houver necessidade", disse o governador, durante visita a Marília, no interior do estado, para entregar 45 viaturas da Polícia Civil e anunciar investimentos nesta terça-feira.

O uso de toda a reserva técnica disponível nos mananciais do sistema Cantareira é criticada por especialistas em recursos hídricos, pois poderia aumentar o tempo necessário para a recuperação do sistema durante a próxima temporada chuvosa. Ao falar com a imprensa nesta terça, Alckmin lembrou que a Sabesp conseguiu economizar quase 100 bilhões de litros de água ao longo de um ano com o programa de bônus para quem gasta menos água, em vigor desde fevereiro do ano passado. A maior parte da economia, porém, vem do programa de redução de pressão na rede, o que, na prática, gera falta d'água em imóveis localizados em pontos mais altos.

Segundo Alckmin, a economia conseguida ao longo do último ano com bônus e redução de pressão é a mesma que teria sido alcançada se a Sabesp tivesse decretado um racionamento de dois dias com água e dois dias sem:

"Nós conseguimos com o bônus para quem economiza, com a redução da pressão e com a interligação dos sistemas uma economia que equivale a um rodízio de 2 [dias com água] por 2 [dias sem água] sem fazer o rodízio, que cria inúmeros problemas para a população. Se for necessário nós iremos fazer, mas nós temos conseguido manter o abastecimento com menor prejuízo possível".

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