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“Governo demorou para aceitar ajuda”

Em 17 dias, foram 111 ataques em 36 cidades do estado | Artur Moser/Agência RBS/Folhapress
Em 17 dias, foram 111 ataques em 36 cidades do estado (Foto: Artur Moser/Agência RBS/Folhapress)

Especialistas em segurança pública avaliam que o governo de Santa Catarina demorou a aceitar a ajuda do Ministério da Justiça para conter a onda de violência que em 17 dias já registrou 111 atentados contra ônibus e prédios públicos na capital e em 35 municípios do interior.

Somente na sexta-feira à tarde chegaram a Flo­­ria­­nópolis 350 homens da Força Nacional de Segurança Pública, enviados pelo governo federal. No fim de semana foram transferidos para presídios federais supostos integrantes do Primeiro Grupo Catarinense (PGC), facção criminosa suspeita de ordenar os ataques de dentro de presídios.

Mestre em antropologia pela Universidade Federal Fluminense e ex-capitão do Bope da PM do Rio, Paulo Storani classificou como um equívoco o adiamento por mais de duas semanas da chegada de homens da Força Nacional para reforçar o policiamento nas ruas. "A primeira resposta do Estado para estancar situações de crise como essa deve ser o fortalecimento do policiamento ostensivo, isto é, colocar polícia na rua. Desde o início dos ataques, o governo estadual provavelmente sabia da sua incapacidade para tal, pois não há efetivo suficiente. Não sei o que passou pela cabeça do governador [Raimundo Colombo] para postergar a chegada da Força Nacional: se a questão foi analisada estritamente do ponto de vista técnico ou se foi contaminada pela política partidária. Mas que houve demora, houve", disse Storani.

Já Renato Sérgio de Lima, doutor em Sociologia pela USP e membro do Fórum Nacional de Segurança Pública, considera que o maior erro do governo de Santa Catarina foi retardar a transferência de presos para unidades federais. "Precisamos avançar num acordo para que, em momentos de crise como este, o Judiciário determine imediatamente a transferência de presos suspeitos para penitenciárias federais. Se o procedimento fosse automático, diminuiria a influência da questão política neste caso".

Os dois especialistas con­­cordam que o Primeiro Grupo Catarinense (PGC) é uma espécie de "franquia" do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que controla os presídios paulistas.

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