O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) divulgou nota oficial há pouco informando que só irá retomar negociações com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), iniciadas no último dia 11, depois que os manifestantes liberarem o prédio, cuja entrada na Esplanada dos Ministérios está interditada e o oitavo andar está ocupado.
O entendimento, interrompido pela ocupação, foi iniciado com a participação do secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, segundo a nota. Na ocasião, conforme o MDA, ficou estabelecida uma agenda de negociações entre o governo e o MST, "processo democrático" que torna "incompatível o comportamento iniciado na manhã desta segunda feira".
A nota, distribuída pelo ministro da pasta, Pepe Vargas, acentua que já estão em andamento "medidas jurídicas cabíveis para reintegração de posse que garanta a normalidade de funcionamento" dos três ministérios instalados no bloco A da Esplanada dos Ministérios, endereço do MDA. Também ocupam o prédio os ministérios do Esporte e das Cidades, além da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
A nota termina dizendo que, depois da desocupação, "será dada continuidade aos entendimentos, dentro do espírito democrático e republicano que é a marca" do governo. O MST promete ficar acampado na área e estima que até amanhã (17) o protesto será ampliado com a presença de 2 mil trabalhadores no local.
Os manifestantes reivindicam "medidas concretas" para a reforma agrária, como política de crédito para os assentamentos, construção de casas e manutenção de escolas na zona rural. Eles alegam que apenas 10% dos assentamentos prometidos pelo governo federal para 2011 foram efetivamente concretizados e que 70% do orçamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para este ano foi contingenciado impedido de ser utilizado por medida de contenção de gastos.
Do carro de som, os manifestantes informaram que 1500 pessoas ocuparam terras no Ceará, nesta segunda-feira, e também a sede do governo, fato confirmado pelo gabinete do governador. Em São Paulo, foi invadida uma fazenda no Pontal do Paranapanema e outra em Pernambuco, segundo o MST. Em Mato Grosso foi fechada uma rodovia federal e em Mato Grosso do Sul 300 famílias ocuparam terras e a sede do Incra.
O movimento dos trabalhadores do MST foi organizado para marcar a passagem, amanhã (17), dos 16 anos do massacre de Eldorado do Carajás e também do Dia Internacional da Luta pela Reforma Agrária. De acordo com a Polícia Militar, estão concentrados nesta manhã, em frente ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, cerca de 400 manifestantes, enquanto os líderes do movimento falam em 1500 trabalhadores.
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