Cristo Redentor iluminado com as cores da bandeira francesa.| Foto: Shana Reis/GERJ

Os atentados de Paris elevaram o nível de alerta das autoridades do governo brasileiro responsáveis pela segurança dos Jogos Rio 2016. Protocolos nos três eixos — segurança pública, defesa e inteligência — serão intensificados e devem receber ajustes assim que os detalhes dos atos terroristas forem totalmente conhecidos. Maior evento esportivo do planeta, a Olimpíada e a Paralimpíada mobilizarão cerca de 15 mil atletas de 206 países, com milhares de turistas. Só na cerimônia de abertura, em 5 de agosto, cerca de cem chefes de estado e de governo são esperados.

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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, explicou que todo o plano de segurança já está formulado e que a meta é intensificar a colaboração internacional.

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“Evidentemente, os ataques terroristas de Paris estão sendo acompanhados em todos os seus detalhes. Agora, é fato que o Brasil não tem núcleos de terrorismo atuando. De qualquer maneira, a Polícia Federal, as Forças Armadas e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) estão fazendo um trabalho muito intenso de troca de informações”, disse o ministro, que ressaltou que não haverá mudança na estratégia. “Nós temos uma matriz pronta, que foi aplicada na área de terrorismo na Copa do Mundo com sucesso. Não vamos, por enquanto mexer nela. Na nossa avaliação o Brasil está bem estruturado”.

Para o ministro, não serão medidos esforços para identificar e neutralizar vulnerabilidades.

“Mesmo que mantenhamos a matriz, diante dos acontecimentos da França, da violência das ações, nós temos que analisar todas as informações”, disse Cardozo.

O general Luiz Felipe Linhares Gomes, assessor de Segurança dos Jogos Olímpicos e Paralimpícos do Ministério da Defesa, lembrou que a previsão é termos o maior efetivo de segurança já visto no país, com cerca de 85 mil homens.

“Nunca houve nada igual. O Exército, a Marinha e a Aeronáutica mobilizarão no país 35 mil homens, 20 mil deles no Rio. Acredito que teremos um ambiente seguro e pacífico”.

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Na opinião do general Linhares, o estágio de preparação para a ameaça terrorista, que prepara até mesmo o cidadão comum a identificar uma eventual ameaça, deve aumentar gradualmente.

“São protocolos que passam a ser adotados para ajudar a população a identificar possíveis ações terroristas”.

Como exemplo, o general relatou que, há cerca de dois meses, em São Paulo, uma pessoa percebeu uma maleta abandonada num local público e acionou a Guarda Municipal.

“Seguindo o protocolo, os guardas municipais isolaram o local e comunicaram a Polícia Militar. Os PMs perceberam que havia explosivo na mala. Imediatamente comunicaram o fato ao Exercito. Nós fomos lá e destruímos a mala. Nela havia explosivos C-4 (explosivo plástico)”.

Para o secretário para Segurança de Grandes Eventos, Andrei Augusto Passos Rodrigues, a estratégia do Brasil para prevenir ações nos Jogos Olímpicos não muda, porém o ataque reforça de forma definitiva o entendimento de que é necessário adotar “um novo patamar” de vigilância.

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“Trabalhamos o tempo inteiro com a perspectiva de prevenção. E uma série de medidas será adotada para que o Brasil tenha um novo patamar de combate ao terrorismo para os Jogos, que, do ponto de vista de segurança, é o ápice dos eventos, o maior e o mais complexo”.

Vistos preocupam

Outro tema analisado com cautela é o projeto de lei que permite o ingresso de estrangeiros no Brasil sem visto para acompanhar os Jogos. A proposta, que aguarda a sanção da presidente Dilma Rousseff, prevê a liberação do visto, entre junho e setembro. De acordo com texto, o visitante nem precisa comprovar que detém credencial ou comprou ingressos para o evento.

As forças de segurança avaliam que o ideal seria flexibilizar as regras de entrada apenas para visitantes credenciados ou com ingressos. O Ministério do Turismo deve formular até o final de novembro a minuta de regulamentação, que deve ser apresentada a Dilma antes da sanção.

Com relação ao plano de prevenção a atos terroristas, a principal aposta está no investimento em processos de pronta resposta em caso de ameaça, como a atualização dos sistemas de comunicação e de integração de informações armazenadas em diferentes bancos de dados, tanto do governo federal quanto dos estados.

Esta integração deve ocorrer por meio do Sistema Integrado de Comando e Controle, que trabalhará em cooperação com outros países, como Estados Unidos, Inglaterra e França, além do fluxo de informações dos serviços de inteligência do Mercosul, em especial da Argentina. A Polícia Federal também conta com as informações sistematizadas pela Interpol, que reúne dados de 190 países.

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