Durante entrega de insumos e materiais hospitalares doados por hospitais federais à rede estadual do Rio de Janeiro, o secretário nacional de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, disse que a regularização do sistema, que entrou em colapso por falta de recursos, “não acontece da noite para o dia” e que haverá esforço para a rede federal absorver pacientes que não encontram atendimento nos hospitais do estado. Na mesma solenidade, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) disse não ter recursos para cumprir todas as decisões judiciais que determinam pagamento imediato de servidores e novos repasses para a Saúde. “A Justiça pode mandar um carro-forte com os recursos”, afirmou o governador. Segundo Pezão, o governo do estado vai recorrer contra as liminares concedidas pela Justiça nos últimos dois dias.
Medicamentos e materiais como luvas, agulhas e até próteses ortopédicas serão encaminhados nesta quinta-feira (24), aos hospitais Getúlio Vargas, Alberto Torres e Adão Pereira Nunes. As doações foram feitas pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) e pelo Hospital da Lagoa. As entregas continuarão até a próxima semana e somarão 300 mil itens no valor de R$ 20 milhões. Beltrame disse que os 1,5 mil leitos da rede federal de hospitais são suficientes para receber os pacientes vindos da rede estadual, além dos que já são atendidos regularmente.
Prefeitura libera R$ 25 milhões para hospitais do estado
Recursos pagarão Organizações Sociais e fornecedores do Albert Schweitzer e Rocha Faria
Leia a matéria completaSegundo o secretário, 25 pacientes da rede estadual já foram transferidos para hospitais federais. “É preciso que se entenda que a regularização (do sistema de saúde estadual) não acontece da noite para o dia. Ao longo das próximas semanas vamos regularizar o atendimento. Montamos uma central de regulação. Pacientes já internados na rede estadual, por exemplo, que aguardam uma cirurgia, poderão ser levados para a rede federal, passar dois ou três dias e depois voltar para a recuperação na rede estadual”, afirmou o secretário.
Pezão disse que o Estado não foge de suas responsabilidades, mas pediu uma reunião com representantes da União e dos municípios da Região Metropolitana para que sejam definidas as atribuições de cada um. “O Estado vai se dedicar à média e alta complexidade, que é sua atribuição”, afirmou o governador.
Durante a entrevista, um funcionário gritou: “Vergonha, vergonha! Vai fazer empréstimo com o meu dinheiro”. Ele fazia referência ao fato de Pezão ter oferecido aos servidores a alternativa de fazerem um empréstimo pelo Bradesco, pago pelo governo do estado, como forma de garantir a segunda parcela do 13º salário. Quem não fizer o empréstimo receberá o valor devido em cinco parcelas.
Plano de contingência
Na quarta-feira (23), o Grupo de Gestão de Crise — formado por representantes dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, Defensorias Públicas do Estado e da União e dos sindicatos e conselhos de profissionais da área de saúde — cobrou da Secretaria Estadual de Saúde um plano de contingência para os hospitais do estado. Segundo a promotora Denise Vidal, a secretaria fez apenas uma prestação de contas parcial da crise na saúde, não apresentando um plano efetivo.
“Não percebemos efetividade neste plano de contingência. O secretário e sua equipe falaram apenas sobre algumas medidas que estão sendo tomadas para minimizar os danos à população, mas isso não é suficiente. Embora eles assegurem que haverá o restabelecimento das UPAs com a prefeitura do Rio pagando as OSs dos hospitais Albert Schweitzer, em Realengo e o Rocha Faria, em Campo Grande, na Zona Oeste, isso não garante a solução dos problemas na saúde”, disse.
Denise Vidal, reponsável por organizar a reunião, alerta que o Grupo de Gestão de Crise continuará a fiscalizar se o estado realmente colocará em funcionamento todos os hospitais e unidades de pronto-atendimento no prazo de dois dias, como garantiu o secretário de Saúde do Estado, Felipe Peixoto, que saiu da reunião às pressas, porque o governador Luiz Fernando Pezão decidiu dar uma coletiva no mesmo horário.
“Eles [secretário de Saúde e equipe] informaram que a partir de amanhã [desta quinta-feira] a situação se normaliza. Vamos acompanhar. Até a próxima terça-feira [29] eles prometeram apresentar o plano de contingência. Além disso, movemos uma ação civil pública contra a União a fim de que ela retome o financiamento. Cabe ao MP e os demais integrantes do Grupo de Gestão de Crise provocar o debate com o estado, porque a sociedade precisa ter um serviço de qualidade”, explicou Denise.
Segundo a promotora, ficou estabelecido que a secretaria iria reabrir as unidades e notificar as OSs para que elas retomem os serviços de imediato. Além disso, ficou pactuado que não se pusesse tapumes nas frentes das unidades de saúde.
“Pedimos que a população continue a comunicar os problemas na rede hospitalar ao Grupo de Gestão de Crise “, ressaltou.
Para o subsecretário jurídico de Saúde, Deucy Alex Linhares, a reunião foi “proveitosa”. Ele anunciou o apoio de bombeiros e policiais militares que vão entrar em prontidão. O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze, não saiu convencido da reunião. “Esta reunião foi um show de palavras ao vento. Não há plano nenhum de contingência. O plano é não ter plano. Nós vamos continuar cobrando”, disse Darze.
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora