Brasília – O governo federal está fazendo, pela primeira vez no país, o mapeamento das organizações criminosas que atuam nos presídios dos estados. Há duas semanas, a força e organização de uma dessas facções, o Primeiro Comando da Capital (PCC), chocou o país: seus líderes comandaram 73 rebeliões e ataques a policiais em vários pontos de São Paulo. No total foram 166 mortos, 31 deles policiais e 110 vítimas de confrontos com a polícia.

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O objetivo do trabalho, que envolve vários órgãos de inteligência da União, inclusive a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), é definir um esquema de prevenção de rebeliões e de enfrentamento de ondas de violência. A informação foi dada pelo diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Maurício Kuehne.

Ele assegurou que até junho estará fechado todo o planejamento para isolar os líderes do PCC e das principais organizações criminosas do país, como o Comando Vermelho (CV), do Rio, liderado pelo traficante Fernandinho Beira-Mar, preso há dois anos. Eles serão levados para o primeiro presídio federal que o Ministério da Justiça construiu em Catanduvas, no Paraná. (Leia mais na página 10)

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Até os levantes deste mês, a União nunca se preocupou em saber o tamanho do PCC e outras facções que comandam seus negócios a partir dos presídios, porque a gestão penitenciária é atribuição legal dos estados. Mas agora, constatado o caráter interestadual dessas organizações, o governo federal resolveu agir.

Segundo o delegado da Polícia Federal Orlando Rincon, um dos responsáveis pelas investigações da CPI do Tráfico de Armas, além dos remanejamentos outra forma de disseminação do PCC é uma espécie de pregação feita pelos integrantes da facção presos fora de São Paulo. "Eles costumam levar com eles o estatuto da facção, é sinal de status andar com a cópia. Se são presos, passam a disseminar a cultura nos presídios aonde vão", diz o delegado.