Faltando três meses e meio para o fim do ano, o Ministério dos Transportes investiu somente 11,5% do valor aprovado no orçamento de 2005 para as rodovias federais do Paraná. Dos R$ 82,6 milhões programados pelo Ministério do Planejamento para aplicação na malha rodoviária federal do estado, R$ 9,5 milhões foram utilizados até agora, segundo a assessoria de imprensa do Ministério dos Transportes. Além desse valor, também foram gastos mais R$ 17,1 milhões neste ano. Entretanto, esse dinheiro refere-se a obras concluídas em 2005, mas iniciadas em 2004. Vale ressaltar que o orçamento inicialmente previsto para o estado era de R$ 129 milhões valor 36% maior do que o aprovado pela equipe econômica.
Levando-se em conta a planilha de custos do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), um quilômetro de restauração de estradas custa R$ 650 mil, enquanto um quilômetro de implantação e pavimentação custa R$ 1,1 milhão. Assim, com os R$ 9,5 milhões investidos até agora seria possível restaurar apenas 14,6 quilômetros de estrada ou pavimentar 8,6 quilômetros.
O coordenador estadual do DNIT, David Gouvêa, reconhece que o valor aprovado para investimentos é baixo. Segundo ele, a demanda das rodovias federais no Paraná é grande. "Nós precisamos de muito mais, mas a disponibilidade não existe. Mesmo assim temos de negociar para aumentar os recursos", afirma Gouvêa.
O coordenador informa que a bancada paranaense no Congresso Nacional vem se esforçando para tentar contornar o problema. "O diálogo é bom. Independentemente de partido, todos estão cientes do problema. A questão é realmente a disponibilidade de verba."
Sobre o valor de apenas R$ 9,5 milhões aplicados até agora, Gouvêa discorda. Conforme o coordenador, o valor apontado no levantamento oficial está muito abaixo do programado porque vários custos efetuados ainda não foram processados pelo sistema do Ministério dos Transportes. "Leva tempo entre o lançamento e o processamento dos valores", argumenta.
Incompetência
Para o secretário estadual de Transportes, Waldir Pugliesi, o baixo valor aplicado pela União nas BRs atrapalha o desenvolvimento do estado. O motivo de tanta demora na aplicação dos recursos, considera Pugliesi, é reflexo da incompetência administrativa do governo federal na área. "Se esse dinheiro ficou à disposição e eles não conseguiram aplicar é uma demonstração de incapacidade", comenta o secretário.
Pugliesi também critica a política econômica do governo federal. Conforme ele, na obrigação de manter o superávit primário, boa parte dos investimentos dos ministérios se tornam garantia de pagamento da dívida externa ao Fundo Monetário Internacional (FMI). "Sofremos pelo fato do governo ser submisso à política neoliberal", analisa.
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