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São Paulo – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva suspendeu a divulgação de números sobre conflitos agrários no país. Desde o primeiro trimestre do ano passado, quando ocorreu uma explosão no índice de ocupações de terras, a Ouvidoria Agrária Nacional, responsável pelas estatísticas, não divulgou mais informações sobre o assunto. O debate em torno da eleição presidencial transcorreu sem a atualização dos índices.

Em consultas à assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento Agrário, a justificativa apresentada para a suspensão dos levantamentos em 2006 foi a de falta de pessoal, seguida invariavelmente pela observação de que a falha estava sendo resolvida.

Coincidentemente, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), outra instituição que realiza levantamentos sobre conflitos agrários, também parou de atualizar os números no primeiro trimestre do ano passado. De acordo com os responsáveis pelo setor de estatísticas, isso ocorreu porque os agentes pastorais, que recolhem as informações em todo o Brasil, estavam sobrecarregados de trabalho.

No primeiro trimestre de 2006 a Ouvidoria Agrária Nacional registrou 110 invasões de terras no país. Foi o número mais alto deste período nos quatro anos do governo Lula. Representou o dobro da média verificada nos três anos anteriores e chegou a ser 11 vezes maior que as dez invasões registradas no primeiro trimestre de 2002 – último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso.

A divulgação daquele levantamento foi discreta. Ao contrário do que fazia anteriormente, quando comunicava aos jornalistas a produção de cada nova série estatística, a assessoria do ministério limitou-se a incluí-lo ao pé de uma série de estatísticas do seu site. E depois disso não se produziu mais nada. A posse de Lula em 2003 aumentou as expectativas de que o país passaria por um período de ampla reforma agrária, como o presidente eleito prometera em sua campanha. Isso levou ao aumento no número de invasões de terras nos anos seguintes.

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